CGU entrega ao Supremo relatório com novos indícios de irregularidades nas emendas
Entre as ONGs que mais receberam recursos, apenas quatro cumprem regras de transparência e publicidade
A Controladoria-Geral da União (CGU) apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) novo relatório sobre a transparência das Organizações Não Governamentais (ONGs) beneficiadas por emendas parlamentares. O resultado mostrou que apenas 15% das ONGs (ou seja, 4 de 26 analisadas) cumpriram os requisitos de transparência estabelecidos. Um total de 35% apresentou informações incompletas ou parciais.
O relatório verificou se a “organização divulga na internet, de forma acessível, clara, detalhada e completa, o recebimento e a execução dos recursos”.
“Extrai-se que apenas 4 das 26 ONGs/Entidades que deveriam promover a transparência sobre a aplicação dos recursos oriundos de emendas parlamentares o fizeram conforme regramento estabelecido (15%), outras 35% divulgam as informações de forma parcial, e 50% não divulgam ou divulgam de forma inadequada”, diz o texto da CGU.
Determinação de Dino
A análise abrangeu 26 entidades selecionadas entre as 676 ONGs que receberam recursos entre 2020 e 2024, com base no valor das emendas. Ou seja, foram averiguadas as entidades que mais receberam verbas. A pesquisa cumpre determinação do ministro Flávio Dino (foto), que é relator do processo sobre as regras de transparência das emendas parlamentares.
Lira na Berlinda
Diante do silêncio do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), aparece “solitário” no cenário de defesa do Congresso diante das acusações e críticas que envolvem o processo de destinação das emendas.
Ele foi acusado de manobrar o funcionamento da Câmara nos últimos dias legislativos de 2024 para remanejar emendas para seu domicílio eleitoral, o estado de Alagoas.
Entre os posicionamentos expressos, o texto elaborado pela advocacia da Câmara, em resposta aos questionamentos de Dino sobre o tema, volta holofotes às atribuições do governo e do Senado, com o objetivo de reduzir a carga de responsabilidade da Câmara frente às acusações.
O que diz a Câmara:
“Outra premissa relevante que precisa ser fixada refere-se ao fato de que, nos termos do art. 166 da Constituição, o processo legislativo orçamentário é de competência do Congresso Nacional de maneira conjunta e não de nenhuma de suas casas isoladamente“, firmou a redação.
“O governo é quem decide”
Ainda sobre o papel do governo no pagamento das emendas de comissão, o documento assegurou que:”As emendas de comissão não têm caráter impositivo. Isto é, elas podem ser executadas ou não, a critério discricionário do Poder Executivo. O Congresso Nacional se limita a encaminhar ao Poder Executivo indicações para execução de emendas de comissão. Isso e apenas isso. Qualquer execução orçamentária das emendas de comissão somente ocorrerá se assim anuir tecnicamente e se assim desejar, segundo juízo discricionário, o Poder Executivo”, diz o texto escrito pela advocacia da Câmara.
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