Caso Adélio: as suspeitas de Bolsonaro permanecem
A facada em Jair Bolsonaro completou um ano em setembro de 2019 e o presidente da República ainda mantém várias suspeitas em relação a Adélio Bispo de Oliveira: quem mandou o agressor praticar o atentado? Quem pagou a defesa do criminoso?...
A facada em Jair Bolsonaro completou um ano em setembro de 2019 e o presidente da República ainda mantém várias suspeitas em relação a Adélio Bispo de Oliveira: quem mandou o agressor praticar o atentado? Quem pagou a defesa do criminoso?
No começo do ano, Bolsonaro, Sergio Moro, o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, e o delegado Rodrigo Morais Fernandes, responsável por investigar o caso, reuniram-se para tratar do assunto.
Como mostrou a Crusoé, boa parte da conversa foi destinada a explicações sobre as relações de Adélio com o PSOL. Essa é uma das pontas da história que ainda despertam desconfianças no presidente.
A Polícia Federal, porém, sustenta que o vínculo do agressor com o partido ficou no passado e nega que haja evidência de cúmplices de Adélio.
Em maio, a Justiça decidiu que Adélio era inimputável por ser portador de Transtorno Delirante Persistente.
No mês seguinte, o juiz Bruno Savino, da 3ª Vara Federal em Juiz de Fora, absolveu o agressor.
O magistrado decidiu que o autor do atentado deveria ficar internado por tempo indeterminado.
Na edição 70 da Crusoé, Mateus Coutinho detalhou a rotina de Adélio quando o agressor estava prestes a completar um ano detido na Penitenciária Federal de Campo Grande.
A reportagem teve acesso a algumas cartas escritas por Adélio que mostraram seu comportamento paranóico: “Estou tento alguns problemas aqui, pois este presídio é um lugar terrivelmente diabólico.”
A revista revelou também que “um vizinho de cela” de Adélio afirmou em carta ter pistas sobre quem mandou matar Bolsonaro. O autor da carta é o iraniano Farhad Marvizi, condenado por encomendar o assassinato de um auditor da Receita.
Marvizi é um velho conhecido das autoridades por seus relatos pouco críveis e pelo hábito de escrever para personalidades que vão de Donald Trump a Silvio Santos.
Neste ano, a PF começou a trabalhar com a possibilidade de Zanone Manuel de Oliveira Júnior, advogado do agressor, ter abraçado a causa de graça para ganhar visibilidade.
Ele chegou a arrolar como testemunhas a deputada Maria do Rosário, Lula e a cantora Preta Gil, com o objetivo de tentar comprovar a influência do discurso de Bolsonaro sobre o homem que tentou matar o então candidato a presidente da República.
Em novembro, Zanone deixou de advogar para Adélio, que começou a ser atendido pela Defensoria Pública da União.
A mudança não interferiu na investigação sobre quem pagou o advogado, pendente de liberação pela Justiça — a decisão caberá ao Supremo.
Em entrevista exclusiva a O Antagonista no fim do ano, Bolsonaro afirmou que a PF teria aberto uma nova linha de investigação no caso Adélio que poderia chegar a alguém próximo ao presidente.
Policiais ouvidos pela Crusoé, no entanto, disseram que não há qualquer suspeita envolvendo gente ligada a Bolsonaro.
O presidente segue com pé atrás em relação às conclusões sobre o atentado.
Ele disse até estar disposto a se encontrar com Adélio: “Quem sabe ele queira falar alguma coisa.”
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