Carta de demissão preventiva (2)
O Antagonista sabe que o golpe da carta de renúncia preventiva já foi usado pelo menos uma outra vez para o mesmo fim: corrupção estatal...
O Antagonista sabe que o golpe da carta de renúncia preventiva já foi usado pelo menos uma outra vez para o mesmo fim: corrupção estatal.
Foi durante o governo Collor, quando um emissário de Pedro Paulo Leoni Ramos, então ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos e amigo do presidente da República, tentou cooptar um funcionário da Petrobras, o engenheiro João Carlos de Luca.
Na época, De Luca era diretor de Produção da estatal e foi chamado para uma conversa com João Muniz Alves, que dizia ter ótimas relações com Brasília, especialmente com o ministro Leoni Ramos.
Alves disse que tinha conhecimento do currículo de De Luca e gostaria de ajudá-lo a se manter no cargo de diretor (já que o presidente da companhia havia mudado e provavelmente mudaria os diretores).
Para ajudá-lo, no entanto, Alves queria uma garantia: uma carta de demissão previamente assinada por De Luca. Assim, caso De Luca não desempenhasse bem seu papel, o pessoal de Brasília teria liberdade de tirá-lo do cargo. Era apenas uma segurança pela indicação de seu nome.
Ao contrário de Cleto, De Luca não aceitou. Sabia que a tal ajuda seria cobrada no futuro.
Pedro Paulo Leoni Ramos saiu do governo quando estourou o escândalo batizado com suas iniciais, o “Esquema PP”. O caso foi parar na imprensa e virou objeto de uma CPI, que revelou o envolvimento do ministro com empresas que faziam negócios suspeitos com a Petrobras por intermédio de funcionários da estatal que não se recusaram a receber “ajuda” de Muniz Alves.
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