Brasil dá um passo à frente na ONU, para melhor retroceder
A diplomacia brasileira fez um lance neste domingo, em busca de protagonismo nas negociações sobre a invasão da Ucrânia. Representante permanente do Brasil junto às Nações Unidas, o embaixador Ronaldo Costa Filho propôs que "a voz da Assembléia Geral se una à do Conselho de Segurança à procura de soluções para a crise na Ucrânia e seus arredores"...
A diplomacia brasileira fez um lance neste domingo, aparentemente em busca de protagonismo nas negociações sobre a invasão da Ucrânia. Representante permanente do Brasil junto às Nações Unidas, o embaixador Ronaldo Costa Filho defendeu que “a voz da Assembléia Geral se una à do Conselho de Segurança (foto) à procura de soluções para a crise na Ucrânia e seus arredores”.
Segundo Costa Filho, o Conselho de Segurança continua sendo o órgão melhor equipado para conduzir negociações de paz, e ainda não exauriu os instrumentos disponíveis para que um acordo entre Rússia e Ucrânia seja alcançado. No entanto, a participação “extremamente cautelosa” da Assembleia Geral pode contribuir com esse processo de negociação.
Além do número de refugiados, que já atingiria 422.000 segundo as projeções do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), o risco de exacerbação do conflito aumenta a cada minuto, segundo o diplomata brasileiro, conduzindo inclusive à possibilidade de falta de alimentos, pela interrupção do comércio de trigo e fertilizantes no mercado internacional. A Ucrânia é uma das maiores produtoras mundiais do primeiro produto, e a Rússia, do segundo.
O documento pede que os dois países envolvidos na guerra facilitem a retirada de cidadãos brasileiros do território conflagrado, e agradece a países como Polônia, Eslováquia, Hungria, Moldova e Romênia, que tem facilitado a saída de brasileiros e latino americanos que fogem da guerra.
“É nosso dever, tanto no Conselho quanto na Assembleia Geral, interromper e reverter essa escalada. Precisamos estabelecer negociações sérias, de boa fé, que permitam a restauração da integridade territorial da Ucrânia, garantias de segurança para a Ucrânia e a Russia e estabilidade estratégica para a Europa”, conclui Costa Filho.
Embora pareça um passo adiante, a declaração na verdade representa um retrocesso, pois relativiza o apoio que o Brasil deu na última sexta-feira à resolução do Conselho de Segurança que condenou, em termos inequívocos, a agressão da Rússia. Aliás, Costa Filho afirma que a resolução foi assinada pelo Brasil “apesar das dúvidas sobre o seu timing e sua contribuição para o atingimento da paz”.
O Itamaraty do governo Bolsonaro está se acostumando ao contorcionismo.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)