Boulos, o “herdeiro” de Lula?
Candidata a vice na capital paulista, Marta Suplicy alçou o deputado do PSOL à posição de sucessor de Lula durante evento de campanha em São Paulo
Enquanto o PT reflete sobre seu declínio eleitoral, já que 182 dos 248 prefeitos eleitos no primeiro turno estão concentrados na região Nordeste, a ex-prefeita e candidata a vice-prefeita de São Paulo Marta Suplicy já escolheu um “herdeiro” para Lula: o deputado Guilherme Boulos (PSOL).
“Outro dia eu liguei pro Lula, viu? Pode ficar tranquilo. Você já tem herdeiro. E ele deu uma risada gostosa”, disse a petista referindo-se a Boulos em evento de campanha ao lado do candidato do PSOL, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Márcio França, ambos do PSB.
Segundo Marta, o colega de chapa tem “estrela”.
Boulos, por sua vez, disse que essa não é uma discussão para ser feita neste momento.
“Isso não é uma discussão pra ser feita neste momento. O presidente Lula é a maior liderança que esse país produziu, é presidente do país. O meu foco absoluto é trabalhar pra ganhar a prefeitura de São Paulo”, disse o psolista a jornalistas.
A esquerda refém de Lula
Apesar de Marta levantar a bola de Boulos, a esquerda brasileira continua refém de Lula, conforme avaliou o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, após o primeiro turno das eleições municipais.
“O eleitor está sinalizando que prefere o caminho do centro e da direita. 70 milhões de votos foram direcionados para o centro ou para a direita […] A esquerda poderá ter dificuldades, apesar de ser uma eleição diferente, se não encontrar bons nomes, bons quadros. O que eu vejo na esquerda é que ela está com dificuldade de ser renovar”, afirmou Kassab, em entrevista à Globonews.
“O resultado eleitoral do centro e da direita é muito fruto dessa renovação que está acontecendo no centro e na direita, e eu não vejo isso na esquerda. Cada vez mais a esquerda é refém da figura do Lula”, acrescentou.
Como mostrou Crusoé na matéria “Um país em busca de novos líderes”, o petista ainda submete os quadros dos partidos aliados à sua vontade e tem pretensões claras de se lançar à Presidência novamente em 2026.
“Lula não deu mostras até agora de que abrirá espaço para mais alguém na esquerda. O ministro da Fazenda Fernando Haddad, por exemplo, já foi considerado como um possível sucessor, mas não terá chance daqui a dois anos. A esquerda então terá de esperar 2030 para uma renovação”, disse o cientista político Bruno Bolognesi, professor da Universidade Federal do Paraná, a Crusoé.
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