Bolsonaro também está proibido de falar com Ramagem
Além de Bolsonaro, Alexandre de Moraes também impôs a Ramagem a proibição de se comunicar com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto
O ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF) emitiu uma ordem proibindo o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) de manter qualquer contato com Jair Bolsonaro e Valdemar Costa Neto, presidente nacional do Partido Liberal (PL). A determinação faz parte do inquérito que investiga a existência de uma Agência Brasileira de Inteligência (Abin) paralela durante o governo de Bolsonaro.
Segundo o site Metrópoles, a notificação oficial foi divulgada pelo gabinete de Moraes nesta terça-feira, 16 de julho, causando um grande impacto no cenário eleitoral para a Prefeitura do Rio de Janeiro. Um evento programado para quinta-feira, 18 de julho, onde Bolsonaro iria demonstrar seu apoio a Ramagem, pré-candidato, foi diretamente afetado pela decisão.
Pesquisas eleitorais recentes mostram Ramagem em segundo lugar na disputa, atrás do atual prefeito Eduardo Paes (PSD). A decisão de Moraes coloca a candidatura de Ramagem em uma posição delicada, já que seu principal aliado político é Bolsonaro.
Bolsonaro manifesta irritação com gravação de Ramagem
O ex-presidente Jair Bolsonaro tem demonstrado a aliados do PL que ficou irritado com Alexandre Ramagem após ter conhecimento de que foi gravado pelo hoje deputado federal e pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro, essa gravação teve o sigilo quebrado por Alexandre de Moraes nesta segunda-feira, 16.
O áudio com o conteúdo da reunião tem aproximadamente uma hora e preocupa integrantes do PL. Conforme apurou O Antagonista, o ex-presidente, por sua vez, tem manifestado a aliados que não disse “nada de mais” na conversa. Apesar disso, Bolsonaro tem dito que não se lembrava de que Ramagem havia gravado o encontro.
Ramagem traiu o ex-presidente Bolsonaro?
Na visão do ex-presidente, o gesto foi uma traição, já que Ramagem era do chamado “núcleo duro” presidencial. Ele frequentava a residência de Bolsonaro e constantemente participava das peladas de futebol organizadas pelos filhos Flávio e Eduardo.
O Antagonista apurou que o senador Flávio Bolsonaro tem relativizado o ‘grampo’ do aliado político. Ele tem dito que o fato já era de conhecimento da família – isso antes das bênçãos de Jair Bolsonaro à pré-candidatura de Ramagem à prefeitura do Rio de Janeiro. A única preocupação agora é com a divulgação do conteúdo. O áudio está sob sigilo, mas a expectativa é que ainda nesta sexta-feira o ministro do STF Alexandre de Moraes o torne público.
De acordo com os registros da PF, além de Ramagem e Augusto Heleno, uma advogada de Flávio também participou do encontro.
Bolsonaro se ofereceu para falar com chefe da Receita sobre Flávio
No áudio da reunião de articulação para proteger seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), de denúncias sobre rachadinha, o agora ex-presidente Jair Bolsonaro se ofereceu para conversar com as autoridades da Receita Federal e da Previdência responsáveis pelas investigações sobre o 01.
Segundo a PF, a gravação foi feita pelo hoje deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), então diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Participaram da reunião, além de Bolsonaro e Ramagem, o general Augusto Heleno, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e as advogadas Luciana Pires e Juliana Bierrenbach, representantes de Flávio.
Durante a conversa, são citados os nomes de José Tostes, ex-secretário da Receita e então chefe da estatal de processamento de dados do governo, Serpro, e de Gustavo Canuto, ex-ministro de Bolsonaro e que foi transferido para a Dataprev, estatal de processamento de dados da Previdência.
Após Pires sugerir que “em tese, com um clique você consegue saber se um funcionário da Receita [inaudivel] esses acessos lá”, Heleno disse que “ele [provavelmente Gustavo Canuto, ex-ministro de Bolsonaro e que cuidava da Dataprev, de processamento de dados] tem que manter esse troço fechadíssimo” e que a operação deveria “pegar de gente de confiança dele. Se vazar [inaudível].”
É quando Bolsonaro assevera. “Tá certo. E, deixar bem claro, a gente nunca sabe se alguém tá gravando alguma coisa. Que não estamos procurando favorecimento de ninguém.“
Ele não falava daquele momento presente — mas era justamente ali que ele estava sendo gravado pelo presidente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem. O áudio, descoberto por policiais federais, teve seu sigilo levantado há pouco pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O presidente e seu núcleo mais próximo de atuação virtual —chamado de “Gabinete do Ódio”— são acusados pela Polícia Federal de ter utilizado a máquina estatal de inteligência em benefício próprio, criando uma espécie de “Abin Paralela” dentro da máquina pública. A denúncia já existia desde o início do governo, (o ex-secretário Gustavo Bebbiano, próximo a Bolsonaro, indicou essa possibilidade em uma entrevista ao Roda Viva, em 2020), mas agora ganha provas robustas, como a gravação que coloca Jair Bolsonaro como alguém interessado em usar da Receita Federal e da Abin para defender as acusações do seu filho.
JAIR BOLSONARO
É o caso de conversar com o chefe da Receita. Ele tá pedindo é um favor.
LUCIANA PIRES
Não é favor não, presidente.
JAIR BOLSONARO
Ninguém tá pedindo favor aqui. [inaudível] é o caso conversar com o chefe da Receita. O Tostes.
LUCIANA PIRES
E não, não tem chance dele, sai disso aqui não, né [inaudível]?
JULIANA BIERRENBACH
Não.
JULIANA BIERRENBACH
Não, o Tostes não.
ALEXANDRE RAMAGEM
[inaudível] é o secretário da receita. É o zero dois, não é isso?
AUGUSTO HELENO
Não. O zero um
JAIR BOLSONARO
É o zero um dos caras. Era ministro meu e foi pra lá. Sem problema nenhum. Sem problema nenhum conversar com ele. Vai ter problema nenhum conversar com o Canuto.
LUCIANA PIRES
Serpro?
LUCIANA PIRES
Então ótimo.
JAIR BOLSONARO
Eu caso conversar com o Canuto?
LUCIANA PIRES
Sim, sim.
LUCIANA PIRES
Com um clique.
LUCIANA PIRES
Olha, em tese, com um clique você consegue saber se um funcionário da Receita [inaudível) esses acessos lá.
AUGUSTO HELENO
Tentar alertar ele que, ele tem que manter esse troço fechadíssimo. Pegar de gente de confiança dele. Se vazar [inaudível].
JAIR BOLSONARO
Tá certo. E, deixar bem claro, a gente nunca sabe se alguém tá gravando alguma coisa. Que não estamos procurando favorecimento de ninguém.
LUCIANA PIRES
Não, mas, não. Que não cometa o crime e que investigue.
JULIANA BIERRENBACH
Presidente? Até o próprio GSI.
JULIANA BIERRENBACH
Até o próprio GSI teria.
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