Bolsonaro “sabia da trama golpista”, diz chefe da PF
"Não são 'vozes da minha cabeça'. Está em documento", afirma Andrei Passos
O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, afirmou a jornalistas nesta quarta-feira, 4, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), indiciado pelo órgão no inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado, tinha conhecimento do plano para mantê-lo no poder.
“Todos os elementos de prova indicam que sim, o ex-presidente sabia da trama golpista por isso, isso e isso. Depoimento, troca de mensagens, registro de impressora, entrada no Planalto etc. É uma investigação muito responsável. Não são ‘vozes da minha cabeça’. Está em documento. Tudo que está posto ali tem sustentação fática“, disse no Instituto Nacional de Criminalística (INC).
Andrei afirmou aos jornalistas que o inquérito focou nos atos executórios de uma suposta tentativa de golpe de Estado e que “ninguém foi indiciado por tentativa de homicídio“. Segundo o diretor-geral da PF, ainda há diligências em curso:
“Houve apreensão de mais mídias [na operação Contragolpe] e houve também uma determinação recente do ministro relator [Alexandre de Moraes] para que se faça oitiva de determinadas pessoas“.
Segundo Andrei, a PF vai ouvir novamente nesta quinta-feira, 5, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, sob determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O diretor-geral afirmou que a PF não pediu o cancelamento do acordo de delação premiada de Cid, mas fez um relatório para apurar possíveis omissões e contradições nos depoimentos dele.
Van Hattem desafiou Andrei
Nesta terça-feira, 3, o deputado federal Marcel Van Hattem (NOVO) desafiou o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Passos Rodrigues, a prendê-lo em audiência na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, que contou com a presença do chefe da PF e do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.
“Mas eu tenho a imunidade parlamentar sim para falar e para repetir uma quarta vez hoje. E se é entendimento de que estou fazendo crime contra a honra, porque o seu chefe da Polícia Federal, diretor-geral Andrei [Passos Rodrigues] da PF que está aqui, porque não me prende agora em flagrante delito? Se é um crime contra honra que estou cometendo, que me prenda“, disse o deputado.
Van Hattem foi indicado pelos crimes de calúnia e difamação por chamar o delegado da PF Fábio Shor de ‘abusador de autoridade’, afirmou que está sendo investigado por “chamar um bandido de bandido, um covarde de covarde“.
O indiciamento de Bolsonaro
Bolsonaro e mais 36 pessoas foram indiciados pela Polícia Federal (PF) em inquérito sobre uma tentativa de golpe de Estado no país.
Ao longo das 884 páginas, o órgão sugere que o ex-presidente “planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa que objetivava a concretização de um Golpe de Estado e da Abolição do Estado Democrático de Direito, fato que não se consumou em razão de circunstâncias alheias à sua vontade”.
Na última quinta-feira, 28, Bolsonaro clamou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por uma “anistia” aos presos pelos ataques de 8 de janeiro de 2023.
“Para pacificarmos o Brasil, alguém tem que ceder. Quem tem que ceder? O senhor Alexandre de Moraes”, afirmou em entrevista à Revista Oeste.
Bolsonaro seguiu com o pedido:
“Eu apelo aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), eu apelo. Por favor, repensem, vamos partir para uma anistia, vai ser pacificado“.
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