Bolsonaro fala em “criatividade” de Moraes e Gonet: “Eu sou golpista?”
Para o ex-presidente da República, “não há crime nenhum em não passar a faixa” e criticou a peça acusatória da PGR

Em pronunciamento durante coletiva de imprensa concedida nesta quarta-feira, 26, à tarde, Jair Bolsonaro voltou a criticar a decisão da 1ª Turma do STF, que recebeu a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a trama golpista.
Bolsonaro negou mais uma vez que tenha atuado para dar um golpe de Estado e disse que a própria delação de Mauro Cid apontou que o ex-ajudante de ordens ficou sabendo dos atos de 8 de janeiro no próprio dia do quebra-quebra na Esplanada dos Ministérios. Para o ex-presidente, “não há crime” em ele se negar a passar a faixa ao presidente Lula.
Ele ainda criticou a peça acusatória do procurador-geral da República, Paulo Gonet, e o parecer do ministro do STF Alexandre de Moraes, relator do caso no STF. Sem os citar nominalmente, Bolsonaro falou em “criatividade” das peças acusatórias.
“Vivemos um momento ainda de intranquilidade no Brasil, por causa em especial da criatividade de alguns. Ontem eu fui ao Supremo, a decisão foi na última hora, vocês se surpreenderam, hoje resolvi não ir. Motivo? Obviamente eu sabia o que ia acontecer”, declarou o ex-presidente.
“Eu espero hoje botar um ponto final nisso daí. Parece que tem algo pessoal contra mim. E a acusação é muito grave. E são infundadas”, disse Bolsonaro.
“Na delação do Cid, ele disse ali que ficou sabendo do 8 de janeiro em 8 de janeiro. Nos 500 acordos de Não Persecução Penal ninguém cita meu nome”, declarou Bolsonaro, acrescentando. “Ficou convencido o relator Moraes que existia um documento de estado de defesa. Mas, antes da suposta assinatura, o presidente da República tem que reunir com conselho. Não convoquei conselhos e nem atos preparatórios”.
“Eu sou golpista?”, questionou Bolsonaro em seguida
“Não há crime nenhum em não passar a faixa. Fui para os Estados Unidos e aí que se desencadeou a artimanha do 8 de janeiro”, acrescentou o ex-presidente.
STF entendeu que Bolsonaro vai responder por atos golpistas
Como mostramos, 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu, por unanimidade, tornar réu o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete pessoas por envolvimento em uma trama golpista desencadeada entre no final de 2022 e início de 2023.
Além de Bolsonaro, também vão passar a responder criminalmente por uma tentativa de golpe de Estado no STF o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), o almirante e ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o general da reserva e ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno, o tenente-coronel e o ex-ajudante de ordens da Presidência da República Mauro Cid, o general e ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e o general da reserva e ex-ministro da Casa Civil Walter Braga Netto.
Todos vão responder pelos crimes de Golpe de Estado; tentativa de abolição violenta ao Estado Democrático de Direito; organização criminosa; dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
Agora, com o recebimento da denúncia, começa a fase de instrução processual: é o momento em que o STF coletará provas e depoimentos sobre o caso. Com o recebimento da denúncia, o STF pode decidir se Jair Bolsonaro será responsabilizado ou não pela trama golpista no início do segundo semestre deste ano.
O recebimento da denúncia também antecipa as discussões sobre um eventual substituto de Bolsonaro nas eleições de 2026 já que há a chance concreta de o ex-presidente ser preso até o final deste ano. A ideia de ministros do STF é encerrar o processo contra Jair Bolsonaro ainda em 2025.
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