Bolsonaro é “o principal responsável” pelos erros durante a pandemia, diz relatório de Renan
Na versão preliminar de seu relatório da CPI da Covid, à qual O Antagonista teve acesso, Renan Calheiros disse estar convencido de que Jair Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade e deve responder por isso. O documento, que começou a vazar no fim de semana, provocando uma crise interna na CPI, tem 1.178 páginas e foi, enfim, entregue por Renan aos integrantes do colegiado. O relator sugere, como noticiamos, 72 indiciamentos. O nome de Jair Bolsonaro é citado 79 vezes...
Na versão preliminar de seu relatório da CPI da Covid, à qual O Antagonista teve acesso, Renan Calheiros disse estar convencido de que Jair Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade e deve responder por isso.
O documento, que começou a vazar no fim de semana, provocando uma crise interna na CPI, tem 1.178 páginas e foi, enfim, entregue por Renan aos integrantes do colegiado. O relator sugere, como noticiamos, 72 indiciamentos.
O nome de Jair Bolsonaro é citado 79 vezes.
Renan disse que, “ao adotar e insistir no tratamento precoce como praticamente a única política de governo para o combate à pandemia, Jair Bolsonaro colaborou fortemente para a propagação da covid-19 em território brasileiro e, assim, mostrou-se o responsável principal pelos erros cometidos pelo governo federal durante a pandemia da covid-19”.
Na avaliação do relator, quando, em pronunciamento ainda em março de 2020, Bolsonaro se referiu à Covid como uma “gripezinha” ou “resfriadinho”, o presidente “já demonstrava a intenção de influenciar a população na ideia de que a solução para a saída da pandemia se encontraria em uma cura para doença, que seria proporcionada, naquele momento, pela ‘comprovação da eficácia da cloroquina'”.
No parecer prévio da CPI, Renan também afirmou que Bolsonaro defendeu, ora de forma velada, ora de maneira explícita, a tal imunidade de rebanho por meio do autocontágio.
“Foram inúmeras as manifestações públicas nocivas de Jair Bolsonaro, geralmente em falas a seus apoiadores no conhecido ‘cercadinho’, que tinham a intenção de minimizar a gravidade da covid-19, colocar em dúvida a eficácia do uso de máscaras, além de declarações que condenavam prefeitos e governadores que buscavam proteger a população pelo distanciamento social, ao mesmo tempo em que propagandeava a hidroxicloroquina como solução para a pandemia.”
Para o senador alagoano, o presidente “tinha interesse em encorajar os brasileiros a se expor ao contágio sem proteção, para que pudessem ser infectados pelo vírus sem maiores dificuldades ou barreiras”.
O senador afirmou, ainda, que Bolsonaro atuou como “líder e porta-voz de comunicação enganosa”, “incentivando o descumprimento das medidas sanitárias de contenção da pandemia, incidindo diversa vezes na incitação ao crime”.
“É importante reiterar que a propagação de informação falsa e os ataques às instituições não se limitam à opinião pessoal de Jair Bolsonaro. Ao assumir a Presidência da República, ele assume as responsabilidades e competência do cargo em que ocupa, de forma que suas declarações têm a natureza de decisões oficiais, que influenciam fortemente à população. Desta maneira, conclui-se que o Presidente foi ator relevante na propagação de comunicação falsa em massa no que se refere à pandemia de covid-19.”
Renan disse que Bolsonaro “comandou diretamente” a rede de produção e disseminação de fake news durante a pandemia.
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