Bolsonaro e Lula dão na mesma para o “ishtablishmen”
Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva passaram a ser a mesma coisa em Brasília, se é que um dia foram de fato diferentes -- a ferradura ideológica só continua a calçar as cavalgaduras da direita e esquerda bobocas que não veem que os extremos se aproximam também nas práticas fisiológicas...
Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva passaram a ser a mesma coisa em Brasília, se é que um dia foram de fato diferentes — a ferradura ideológica só continua a calçar as cavalgaduras da direita e esquerda bobocas que não veem que os extremos se aproximam também nas práticas fisiológicas.
O jogo é de ganha-ganha no “ishtablishmen” — ou seja, quase todo mundo no Planalto. Bolsonaro, ao arrefecer o discurso ideológico, com medo da polícia, e entregar-se aos tentáculos do Centrão, sua alma mater, tornou-se outra vez um bicho conhecido tal qual Lula, como se pode ver também pela relação agora calorosa do presidente com Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre. Ambos contam com o apoio do presidente para rasgarem a lei e se reelegerem presidentes de Câmara e Senado, respectivamente.
No STF, o ganha-ganha também é comemorado e impulsionado com as sentenças que vão empurrando a Lava Jato e seus principais símbolos — Sergio Moro e Deltan Dallagnol — para fora da estrada. Em duas decisões de ontem, a Segunda Turma do STF abriu mais o caminho para demolir o instituto das colaborações premiadas e concretizar a suspeição de Moro no processo do triplex, absolvendo Lula da condenação confirmada em três instâncias e, por consequência, de todas as outras que lhe vierem a ser impostas. Bolsonaro, por sua vez, foi domado e fará tudo o que os seus novos mestres mandarem.
No Ministério Público, a última casa a cair para a Lava Jato, Augusto Aras e procuradores amigos se encarregam de fustigar Deltan Dallagnol e equipe. Além das acusações do PGR à Lava Jato de fazer manobras ilícitas, o Conselho Nacional do Ministério Público protagonizou o estranho caso do julgamento de uma infração que não aconteceu e que, de todo modo, já prescrevera: a apresentação de PowerPoint que colocou Lula, muito apropriadamente, como chefe da organização criminosa que saqueou a Petrobras. O evento eminentemente político no CNMP, que por óbvio não poderia punir o chefe da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, teve o único propósito de desancar publicamente Dallagnol, para que o material fosse acrescentado pelo advogado de Lula ao processo de suspeição de Moro no STF — como se precisasse fosse.
Jair Bolsonaro e Lula são a mesma coisa e se retroalimentarão em 2022. Bolsonaro terá em Lula ou no seu poste fantasmas mais convincentes para evocar diante dos assustadiços que temem a volta dos petistas ao poder; Lula ou seu poste terão em Bolsonaro um extremos oposto na aparência contra quem é mais fácil agitar as suas bandeiras.
O jogo é de ganha-ganha em Brasília, porque com Bolsonaro ou com Lula, tudo não mudará para que tudo fique como sempre foi para Executivo, Legislativo e Judiciário. O inimigo comum é Sergio Moro, um homem agora sem grande vitrine, que ainda conta com a única coisa que não importa na política brasileira: reputação. A aposta é que a máquina de triturar boas biografias, movida igualmente pelas cavalgaduras calçadas com a ferradura ideológica, e as esmolas maiores para os pobres se encarregarão do eventual probleminha eleitoral. E vamos furar o teto de gastos, porque não somos nós que pagamos a conta.
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