Bolsonaro admite usar plano de Ciro para Lula
O ex-presidente não descarta a possibilidade de pedir refúgio em uma embaixada para evitar a prisão
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não descarta a possibilidade de pedir refúgio em uma embaixada para evitar a prisão caso seja condenado por tentativa de golpe de Estado, admitindo que poderia usar o plano proposto por Ciro Gomes (PDT) para blindar Lula contra um mandado de prisão na Lava Jato.
“Embaixada, pelo que eu vejo a história do mundo, né, quem se vê perseguido pode ir para lá. Se eu devesse alguma coisa, estaria nos Estados Unidos, não teria voltado”, afirmou Bolsonaro em entrevista publicada nesta quinta-feira, 28, pelo Uol.
“Eu não posso ir dormir preocupado de que a PF vai estar na minha casa amanhã cedo. Eu já tive três [operações de] busca e apreensão, tá? Absurdas, absurdas. Corro risco, sem dever nada, corro risco. [O STF] Vai fazer a arbitrariedade, vamos ver as consequências”, acrescentou.
O plano de Ciro
Em 2016, Ciro Gomes, ex-ministro de Lula e então pré-candidato à Presidência em 2018, sugeriu formar um grupo de juristas, “sequestrar” o petista e levá-lo a uma embaixada com pedido de asilo para que ele pudesse se defender da Lava Jato.
“A Dilma [Rousseff] indicar o Lula para o ministério [da Casa Civil], para evitar a prisão, foi um disparate. Ela ultrapassou os limites do cargo. Não podia envolver a Presidência da República. Tinha que ter feito um gesto de solidariedade pessoal, não com o uso do cargo. Agora, no meu caso, se acontecesse uma prisão arbitrária do Lula, seria um gesto de solidariedade particular, formar o grupo de juristas para preparar a defesa e sequestrá-lo para uma embaixada”, disse o ex-governador do Ceará.
“Pensei: se a gente formar um grupo de juristas, a gente pode pegar o Lula e entregar numa embaixada. À luz de uma prisão arbitrária, um ato de solidariedade particular pode ir até esse limite. Proteger uma pessoa de uma ilegalidade é um direito”, reiterou Ciro.
Em março daquele ano, a nomeação de Lula para a Casa Civil de Dilma havia sido suspensa pelo ministro Gilmar Mendes, do STF.
Condenado em primeira instância no caso do triplex do Guarujá em julho de 2017 e, em segunda, em janeiro de 2018, Lula acabou sendo preso em 7 de abril daquele ano por ordem do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).
A estadia de Bolsonaro na embaixada húngara
Em 25 de março de 2024, o New York Times revelou imagens que mostram que Bolsonaro passou 48 horas na embaixada da Hungria quatro dias após a deflagração da Operação Tempus Veritatis da PF, que investigou um plano para se dar um suposto golpe de estado no Brasil.
Na ocasião, o jornal americano sugeriu que o ex-presidente estava tentando uma aproximação com Viktor Orban, primeiro-ministro da Hungria, para escapar do sistema judicial brasileiro.
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