Bebianno, o ministro demitido pelo filho do presidente
Gustavo Bebianno parecia reunir todas as características para ser um dos ministros mais próximos a Jair Bolsonaro: na campanha, ganhou a confiança do então candidato a ponto de dirigir o PSL e de acompanhar de perto a recuperação do presidente depois do atentado com a facada. Chegou a ser cotado como possível ministro da Justiça. Não deu certo. Nomeado ministro da...
Gustavo Bebianno parecia reunir todas as características para ser um dos ministros mais próximos a Jair Bolsonaro: na campanha, ganhou a confiança do então candidato a ponto de dirigir o PSL e de acompanhar de perto a recuperação do presidente depois do atentado com a facada.
Chegou a ser cotado como possível ministro da Justiça. Não deu certo. Nomeado ministro da Secretaria-Geral da Presidência, durou menos de dois meses no cargo.
No dia 12 de fevereiro, em meio a denúncias do laranjal do PSL, Bebianno negou em entrevista que havia crise no Planalto e afirmou que tinha conversado com Bolsonaro — naquele momento internado para se recuperar de uma cirurgia no hospital Albert Einstein.
No dia seguinte, Carlos Bolsonaro escancarou no Twitter a velha tensão existente entre ele e o ministro, e escreveu que era “uma mentira absoluta” que Bebianno tinha falado com o presidente naquele dia.
Mensagens de áudio por WhatsApp, porém, mostraram que Bolsonaro havia se comunicado, sim, com Bebianno antes de o ministro ser chamado de mentiroso por Carlos.
Em uma dessas conversas, Bolsonaro se queixou ao ministro de uma reunião marcada com Paulo Tonet Camargo, o vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo.
O mesmo diretor, como mostrou O Antagonista, já havia sido recebido por outros ministros, como os generais Augusto Heleno e Santos Cruz.
Estava evidente que a confiança de Bolsonaro em Bebianno tinha evaporado e que Carlos não agira no Twitter apenas de moto próprio, mas também era a voz do pai.
Bolsonaro estava decidido demitir o ministro, o que acabou ocorrendo em 18 de fevereiro.
Poucos dias depois, Bebianno atribuiu ao filho do presidente sua demissão. “Eu fui demitido pelo Carlos Bolsonaro. Simples assim.”
Em entrevista à Crusoé, disse também que Eduardo e Carlos “merecem um bom colégio interno” e que estavam destruindo o governo de Bolsonaro.
Em outubro, Bebianno acertou a sua filiação ao PSDB, a convite de João Doria.
O agora tucano não poupa o presidente nem os seus filhos de críticas para lá de abertas.
Disse que Bolsonaro “se mostrou muito arrogante” desde que assumiu o poder, e que o presidente “despreza” os parlamentares de sua base, além de pôr a democracia do país em risco.
Depois de o presidente dar a entender que ele teve participação no atentado em Juiz de Fora, o ex-ministro afirmou que iria “interditar” o presidente e que o inquilino do Planalto tem “traços de um psicopata“.
Tudo leva a crer que Bebianno será um fantasma a assombrar a família Bolsonaro por um bom tempo.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)