Aprovação de Galípolo é unânime na CAE do Senado
A nomeação de Galípolo segue para apreciação do plenário do Senado. Decisão final deverá ser tomada ainda hoje
A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou nesta terça-feira, 8, a indicação do economista Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central (BC). A votação foi unânime, com 26 votos favoráveis. Agora, a nomeação de Galípolo segue para apreciação do plenário do Senado. A decisão final deverá ser tomada ainda hoje.
Sabatina morna
A conclusão da deliberação pela CAE ocorreu após uma sabatina relativamente morna, sem grandes polêmicas entre Galípolo e os parlamentares. Parlamentares de oposição atribuíram ao indicado de Lula um “currículo invejável”.
“Não há nada que desabone o Galípolo, muito pelo contrário, o currículo dele é um currículo invejável, uma pessoa preparada que já tem seu lugar no Conselho do Banco Central”, disse o líder do Partido Liberal no Senado, Carlos Portinho (RJ).
Antes do fim da votação, senadores da ala bolsonarista, como Damares Alves (DF) já tratavam Galípolo como “presidente do Banco Central”, sinalizando o placar de adesão unânime ao nome do economista, que atualmente é diretor de política monetária do BC.
Autonomia
O indicado do presidente Lula ao Banco Central, Gabriel Galípolo, não se comprometeu com a autonomia financeira e administrativa do órgão, durante sabatina no Senado. Ao responder a senadores de oposição sobre o tema, ele afirmou que a autonomia do BC precisa ser ‘reexplicada’ para cessar a polarização em torno do assunto.
“Aprendi que a palavra autonomia gera um debate acalorado. A gente precisa ‘reexplicar’ a autonomia. Se a gente pegar a literatura essencial sobre a autonomia do Banco Central, vemos que o Banco Central tem autonomia operacional para buscar as metas que foram estabelecidas pelo governo democraticamente eleito”, destacou.
O indicado de Lula ainda fez a seguinte analogia: “A gente só pode, até a adolescência, achar que a gente faz o que a gente entende, do jeito que a gente bem entende. Depois a gente não pode mais achar isso. A autonomia funciona da seguinte maneira: as metas estabelecidas e os objetivos estabelecidos são estabelecidos pelo Poder democraticamente eleito. Cabe ao Banco Central perseguir essas metas”.
Sabatina
A sabatina de Gabriel Galípolo marca a retomada dos trabalhos no Senado após o ‘recesso branco’ em virtude das eleições municipais. O líder do governo na Casa, senador Jaques Wagner (PT-BA), apresentou um relatório elogioso sobre o indicado, citando experiência profissional e competências técnicas.
Durante discurso de abertura, Galípolo agradeceu ao presidente da República pela indicação, dizendo que Lula se encaixa na categoria de ‘líder, amigo e professor’. O tom adotado, até o momento, pela oposição é cortês em relação ao indicado de Lula.
Autonomia
Apesar de ter autonomia operacional assegurada em lei desde 2021, a autoridade monetária não tem poder sobre o próprio orçamento. Uma PEC tramita no Senado para dispor sobre o tema com parecer favorável do senador Plínio Valério (PSDB-AM).
Campos Neto
Indicado pelo ex-presidente, Jair Bolsonaro, o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defende que a autoridade monetária está a ‘asfixiada’ pela falta de autonomia administrativa e financeira. “Estamos com os recursos humanos muito estrangulados”.
Ele destacou que a verdadeira autonomia só será alcançada quando houver independência tanto administrativa quanto financeira. Citou um estudo do economista Tobias Adrian, do Fundo Monetário Internacional (FMI), que revelou que, para 72% dos banqueiros centrais, a autonomia financeira é considerada a mais importante.
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