Após vazamento, G7 isola Renan e “lava as mãos” sobre relatório final
Integrantes do G7 (grupo de senadores independentes e de oposição) da CPI da Covid resolveram isolar o relator do colegiado, Renan Calheiros (MDB-AL), após ele vazar para a imprensa trechos do relatório final ao longo do final de semana...
Integrantes do G7 (grupo de senadores independentes e de oposição) da CPI da Covid resolveram isolar o relator do colegiado, Renan Calheiros (MDB-AL), após ele vazar para a imprensa trechos do relatório final ao longo do final de semana.
Em caráter reservado, quatro integrantes do G7 disseram a O Antagonista que vão votar a favor do parecer de Renan (foto). Entretanto, eles ressaltaram que, a partir de agora, se os pedidos de indiciamento forem rejeitados por órgãos como a Procuradoria-Geral da República (PGR) ou Ministério Público Federal, essa será responsabilidade única e exclusiva do relator da CPI.
Renan já fala em 71 pedidos de indiciamento.
O presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), foi o que demonstrou maior indignação em relação aos vazamentos. A O Antagonista, Aziz declarou que não vai mais discutir com Renan a elaboração de um texto que contemple todas as sugestões do G7.
“Pelo visto não temos nada a contribuir. Ele deu uma declaração hoje dizendo que o relatório está pronto há dois meses, mas nunca apresentou para a gente”, disse o presidente da CPI durante a tarde.
“Então, acho que não é democrático vazar. […] Se ele retirar qualquer item que foi vazado eu vou questioná-lo publicamente por que ele tirou”, disse Aziz em entrevista ao Papo Antagonista.
Já o decano da CPI, Otto Alencar (PSD-BA), afirmou também a este site que, a partir de agora, os senadores irão votar “o relatório do Renan”. Não o relatório do G7.
“Passamos seis meses trabalhando em conjunto, levando paulada de membros do governo, para, agora, a gente ser surpreendido com esses vazamentos”, disse o senador.
O incômodo começou na sexta-feira da semana passada, quando surgiram as primeiras informações sobre o parecer de Renan. Na manhã de sexta, entre 10h e 12h, os senadores do G7 tiveram uma reunião em que o relator da CPI prometeu que não iria mais passar informações sobre o texto antes de o documento ser avaliado pelos demais parlamentares.
A gota d’água, porém, foi a divulgação pelo jornal O Estado de São Paulo, ontem à tarde, de parte das conclusões do Renan. Isso foi visto pelos demais parlamentares como quebra de acordo.
Na visão da maioria do G7, Renan tentou jogar a opinião pública contra os seus colegas de CPI para que prevalecesse a visão dele no relatório final.
“Renan queria holofotes e conseguiu. Agora, ele que arque com as responsabilidades e consequências”, disse, em caráter reservado, um integrante do G7 a O Antagonista.
Além disso, os senadores do G7 vinham ponderando a Renan que seu relatório deveria ser centrado e sem excessos, sob pena de o parecer ser engavetado por unidades do Ministério Público Federal ou Ministério Público Estadual.
“Não adianta simplesmente acusar. Precisa ter provas. E, em alguns pontos, Renan não apresentou imputações consistentes”, admitiu um outro senador da CPI.
Hoje à noite, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), atuou como bombeiro e buscou, sem sucesso até o momento, uma conciliação entre Renan e Omar. O presidente da CPI e o relator estão sem se falar desde o início da manhã.
A apresentação do relatório final está marcada para quarta-feira, às 10h.
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