Após denúncias, servidores são coagidos a assinar manifesto em defesa de Almeida
Em grupo de funcionários do Ministério dos Direitos Humanos, foi divulgada uma petição pública para endossar o atual detentor do cargo
Após denúncias de supostos casos de assédio sexual envolvendo o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, servidores da pasta foram coagidos a assinar um manifesto em defesa do auxiliar palaciano. Segundo apuração de O Antagonista, não somente o ministro teria assediado moralmente alguns servidores como também a sua chefe de gabinete, Marina Basso Lacerda, e a secretária executiva Rita Cristina de Oliveira.
No manifesto, compartilhado em um grupo de WhatsApp de servidores do ministério chamado “Povo dos DH” há o seguinte apelo em prol do ministro dos direitos humanos.
“Olá gente querida. Desculpe escrever essa hora. É que o racismo de indivíduos maliciosos e instituições midiáticas não nos deixam descansar justa e pacificamente. Imagino que alguns e algumas de vocês viram a matéria publicada, irresponsavelmente, pelo Uol, fazendo ilações a respeito do ministro Silvio que, nem de longe, correspondem a realidade”, escreveu um assessor cuja identidade vamos preservar.
Ele continuou pedindo assinaturas em apoio ao ministro. “Contra mentiras e ofensas a gente se organiza e restabelece a verdade. Se você se sentiu ofendido e também quer demonstrar solidariedade ao ministro Silvio Almeida, bora de assinatura”.
Segundo informações do Diário Oficial, dos 27 desligamentos ocorridos em 2024, 18 foram a pedido dos próprios servidores.
As saídas no primeiro semestre incluem a de duas diretoras, cinco coordenadoras-gerais e 16 coordenadores, indicando uma alta rotatividade de cargos de liderança. Entre os desligamentos, seis funcionários não completaram sequer seis meses na equipe, enquanto outros oito permaneceram menos de um ano. O cenário reflete um ambiente de instabilidade e insegurança, segundo fontes ligadas ao órgão.
A chefe de gabinete do ministro, Marina Basso Lacerda, e a secretária-executiva, Rita Cristina de Oliveira, são apontadas pelas fontes, que preferiram não se identificar, como as principais responsáveis pela pressão sobre os servidores.
Lacerda, servidora de carreira da Câmara dos Deputados, atua na área de direitos humanos e é considerada “mais do que rigorosa” em suas cobranças. Oliveira, Defensora Pública da União, assume a função de substituir o ministro na sua ausência e é vista como uma figura central na gestão da equipe.
Nesta quinta-feira, como mostramos, a ONG Me Too Brasil, que combate o assédio sexual, informou ter recebido denúncias contra Almeida. Uma das vítimas, segundo o portal Metrópoles, seria a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. O Antagonista confirmou com fontes palacianas que o clima entre Anielle e Silvio não era dos melhores há pelo menos um ano.
Durante a madrugada, a primeira-dama, Janja publicou em suas redes sociais uma foto em que ela faz um afago à ministra. O gesto foi visto por assessores palacianos como um endosso de Janja às denúncias. Nas palavras de um integrante do Palácio do Planalto, a situação de Almeida tem se tornado “insustentável”.
A reportagem de O Antagonista solicitou respostas por parte do ministério dos Direitos Humanos. Mas até o fechamento desta reportagem, não havia obtido retorno. O espaço continua aberto.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)