O pré-candidato à prefeitura de São Paulo, José Luiz Datena (PSDB, foto), reafirmou nesta terça-feira, 23, que não desistirá da corrida eleitoral. A declaração veio um dia após ter sido mal interpretado ao se comparar ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que recentemente anunciou que não buscará a reeleição.

Em entrevista ao Flow Podcast, Datena explicou que citou Biden apenas como exemplo para ilustrar as dificuldades de seguir em frente sem o apoio do partido. A convenção que oficializará a indicação de Datena está marcada para este sábado.

Durante a entrevista, Datena esclareceu que sua comparação com Biden não tinha a intenção de indicar uma desistência. “Biden, como presidente do maior país econômico e militar do mundo, teve a dignidade de desistir da campanha. Se eu não tiver apoio do partido, é claro que não terei condições de ajudar o povo. Foi isso que quis dizer, e não que iria desistir“, explicou.

Candidatura e apoio de Tabata Amaral

O apresentador também compartilhou detalhes sobre sua decisão de se tornar pré-candidato e mencionou o papel da deputada federal e também pré-candidata à prefeitura de São Paulo Tabata Amaral (PSB) em sua filiação ao PSDB. Segundo Datena, o plano inicial era que ele fosse vice de dela para fortalecer uma futura candidatura ao Senado.

“Quando me convidaram para ser vice dela [Tabata], para mim já estava bom, porque o meu grande objetivo era ter apoio para uma candidatura ao Senado. Esse era o meu plano. Agora, como candidato a prefeito, e esperando ganhar a prefeitura de São Paulo, não desisti de nada. Espero ir até o fim“, afirmou.

Datena ainda pode ser vice de Tabata?

Sobre a possibilidade de ser vice da deputada Tabata Amaral (PSB), Datena disse que foi trocado por um minuto de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão e que ela sabia do risco de sugerir a sua mudança de partido.

“Se ela correu esse risco, me trocar por um minuto [de propaganda na TV e no rádio], ela correria o risco de o PSDB fazer uma pesquisa própria e ver que eu tinha potencial”, afirmou.

“Eu disse a ela várias vezes que não queria ir. Ela facilitou minha decisão. Me trocaram por 40 segundos, e eu não sou relógio. Não é arriscado você pegar um ativo importante da sua campanha e botar em outro lugar?”, questionou.

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Críticas internas e apoio da executiva nacional

Datena assegurou ter a confiança da executiva nacional do PSDB e do presidente da legenda, Marconi Perillo. Contudo, ele voltou a comentar sobre as críticas recebidas dentro do partido. Em entrevista à Folha de S. Paulo, Datena mencionou que enfrentou resistência de correligionários que preferem apoiar o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB).

“Na maioria das vezes, é a política que não me quer, não sou eu que não quero a política. Preciso do apoio do partido“, declarou o apresentador nesta terça-feira.

Aécio e Perillo tentam convencer Datena a não ‘datenar’

O presidente do PSDB, Marconi Perillo, e o presidente da Fundação Tancredo Neves, Aécio Neves, vão desembarcar nesta quarta-feira, 24, em São Paulo para tentar apagar o incêndio envolvendo as especulações sobre uma eventual desistência de José Luiz Datena na disputa eleitoral de São Paulo.

Para surpresa de zero pessoas, o pré-candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo voltou a dar sinais nesta semana de que pode desistir da disputa eleitoral. Em uma rápida entrevista para a Folha, o apresentador disse com todas as letras que poderia deixar a corrida pelo Poder Executivo caso o tucanato não parasse de sondar outros cenários sem escutá-lo previamente.

“Até eu desconfio [de uma desistência]. Se continuar essa sacanagem de que o partido está conversando com outras pessoas para colocar dentro do partido sem me avisar, eu não vou ser candidato. Se o Biden pode desistir a qualquer momento, por que eu não posso? Desde o começo, falei: se me sacanearam, eu desisto mesmo”, disse Datena ao jornal paulista.

Os três vão conversar na tarde desta quarta-feira. Oficialmente, eles vão falar sobre a convenção partidária de 27 de julho. Mas, na prática, tanto Perillo quanto Aécio querem acabar de vez com a possibilidade de desistência do apresentador.