ANTAGONISTA DOCS: Entregando na corda bamba
Morador da zona Sul de São Paulo, Rafael Vaz, de 31 anos, trabalha como motoboy desde os 18 e aderiu às plataformas de entrega em 2014. Cinco anos depois, sofreu um acidente de moto que o deixou tetraplégico. Não tinha qualquer proteção trabalhista e...
Morador da zona Sul de São Paulo, Rafael Vaz, de 31 anos, trabalha como motoboy desde os 18 e aderiu às plataformas de entrega em 2014. Cinco anos depois, sofreu um acidente de moto que o deixou tetraplégico. Não tinha qualquer proteção trabalhista e hoje vive com o que recebe de sua aposentadoria por invalidez. Mesmo nessa condição de insegurança, 66% dos entregadores brasileiros não estão buscando outro emprego e 78% dizem que pretendem continuar trabalhando no ramo, segundo pesquisa encomendada pela Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec). Por quê?
“Pela flexibilidade. Eu consegui estudar, consegui me formar, consegui dedicar um pouco do meu tempo para o meu futuro”, diz Anderson Carvalho, motoboy e advogado. Anderson se formou em direito e segue fazendo entregas mesmo depois de começar a trabalhar em um escritório de advocacia. Atualmente, o Brasil conta com cerca de 2 milhões de trabalhadores por aplicativo, que ganham a vida por meio de uma relação que beira a informalidade, longe dos benefícios, mas também das amarras da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).
O governo Lula assumiu prometendo resolver os problemas dos entregadores, mas, quatro meses após a posse, não dá sinais de que descobriu o caminho. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, chegou a ameaçar “chamar os Correios” para fazer transporte de passageiros, caso a Uber resolvesse sair do Brasil contra mudanças nas regras de relação com os motoristas. Sem essas empresas, contudo, não tem trabalhador. O desafio das autoridades que querem ajudar os entregadores e motoristas de aplicativo é melhorar suas vidas sem sumir com seu ganha pão.
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