Algumas perguntas sobre o dossiê contra Witzel que foi mostrado a Bolsonaro
Na edição desta semana, como publicamos, a Crusoé traz uma reportagem intitulada "A coincidência". A coincidência em questão é a abertura de um inquérito aberto "de ofício" na PGR para apurar "um contrato de 770 milhões de reais assinado pelo governo Witzel com o Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde, o Iabas...
Na edição desta semana, como publicamos, a Crusoé traz uma reportagem intitulada “A coincidência”.
A coincidência em questão é a abertura de um inquérito aberto “de ofício” na PGR para apurar “um contrato de 770 milhões de reais assinado pelo governo Witzel com o Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde, o Iabas, para construir e gerir os hospitais de campanha destinados aos pacientes da Covid-19, como o do Maracanã. O Iabas é uma organização social que administra unidades públicas de saúde mediante vultosos contratos de terceirização. Vez ou outra, aparece associado ao mau uso do dinheiro público. Foi assim em 2018, quando um conselheiro da entidade foi preso acusado de desviar 6 milhões de reais da prefeitura carioca, e no mês passado, quando o Tribunal de Contas fluminense destacou que o instituto só havia detalhado 2,5% do custo total dos leitos emergenciais contratados por Witzel.”
Até aí tudo bem. É preciso investigar mesmo. A questão é que, como descobriu a Crusoé, “o inquérito que mira o governador do Rio foi instaurado pela Procuradoria-Geral da República no dia 12 de maio. Foi um despacho interno que deu origem à apuração – no jargão oficial, a investigação foi instaurada ‘de ofício’. Não é algo propriamente raro no topo do Ministério Público Federal, mas normalmente casos assim começam a partir de denúncias, sejam elas anônimas ou não, ou de representações enviadas pelas procuradorias nos estados ou por outros órgãos. A coincidência que chama a atenção, nesse caso, é que o objeto da apuração da PGR é o mesmo descrito no tal dossiê que foi oferecido dias antes ao gabinete do presidente Jair Bolsonaro. O material foi levado ao Planalto por aliados muito próximos do presidente, com os quais Crusoé conversou à altura do episódio. O próprio Bolsonaro foi avisado e afirmou que era preciso ‘tomar providências’.”
Há três perguntas a fazer neste caso. Quem confeccionou o dossiê contra Witzel? Foi uma investigação particular ou feita secretamente por um órgão de Estado? Quem levou o dossiê a Bolsonaro, e por que ao presidente? Essa mesma pessoa teria repassado o dossiê à PGR?
O caso é grave, porque pode revelar que, para além das suspeitas sobre Witzel, há muitas coisas erradas ocorrendo em Brasília na área da informação.
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