Agamenon: Terrivelmente noivinha
Antigamente, o Brasil, qual um ovo, ficava chocado. Mas hoje em dia, além de não ter grana nem para comprar um ovo, só o preço da carne e da gasolina apavoram o sofrido povo brasileiro na sua sofrência. Sigam-me no meu algoritmo: a semana foi marcada por uma série (que não é da Netflix) de fatos desconexos que, observados com maior atenção, não têm nada a ver um com o outro...
Antigamente, o Brasil, qual um ovo, ficava chocado. Mas hoje em dia, além de não ter grana nem para comprar um ovo, só o preço da carne e da gasolina apavoram o sofrido povo brasileiro na sua sofrência. Sigam-me no meu algoritmo: a semana foi marcada por uma série (que não é da Netflix) de fatos desconexos que, observados com maior atenção, não têm nada a ver um com o outro. O “terrivelmente” presidente Jair Imbessias Bolsonaro conseguiu emplacar mais um ministro no STF: o “terrivelmente”“evangélico” André Mendonça. Agora, além dos tradicionais jabás, maracutaias, taxas de urgência e custas judiciais, o STF também vai cobrar o dízimo.
Segundo a Constituição, o STF, Supremo Tribunal de Frango, é a corte máxima, na qual os salários dos ministros chegam ao máximo. E agora, evangélico, o maior salário nacional vai aumentar ainda mais, para ser o maior salário Universal (do Reino de Deus).
Todo mundo quer arrumar uma bocada dessas. O sujeito que entra no STF ganha auxílio-terno, auxílio-gravata, auxílio-domicílio, auxílio-gasolina, auxílio-lagosta, motorista, casa, comida e roupa lavada, sem falar nos vencimentos vitalícios —uma baba que os capinhas, sempre solícitos, enxugam a cada vez que ela escorre. Até o Sergio Moro aceitou ser ministro porque o Bolsonasno lhe prometeu uma vaga no Supremo. Coitado, hoje o magistrado foi obrigado a se lançar candidato a presidente para conseguir pagar seus boletos. Tá ruim pra todo mundo, mas pra mim tá pior.
Por outro lado (com muito trocadilho, fazendo o favor), as redes antissociais trouxeram à tona fatos que estavam enterrados lá atrás. Assim como a nova variante Ômicron, viralizou na internet um boato maledicente associando o presidente a um tal de Aristides, de quem seria “noivinha” desde os tempos de cacete, quer dizer, cadete. Segundo a fake news, nos seus tempos de Aman (Academia Muscular Anabolizada das Noivinhas), o então aspirante Jair Bolsonoivo nutriu grande afeto por um avantajado instrutor de lutas chamado Aristides. Segundo colegas de turma, Jair não desgrudava de Aristides, e vice-versa. De uma feita, o sargento teve que lançar mão de um balde de água gelada para desengatar os dois. Esse tipo de camaradagem é muito comum na academia militar, onde é forjada a nata de nossa oficialidade. O cadete ingressa ingênuo e jovem para ser submetido a uma rigorosa formação militar. Após cinco anos, o cadete pode escolher entre Infantaria, Cavalaria, Artilharia, Engenharia ou Intendência (para onde vão os entendidos). Formado oficial, o jovem tenente começa na ativa e anos depois, reformado, passa para a passiva.
Numa sórdida campanha homofóbica, os opositores lançaram dúvidas sobre a masculinidade tóxica de Jair Bozonaro, que sempre foi contra a democracia e o homossexualismo entre pessoas do mesmo sexo e de sexos diferentes também. Segundo os fofoqueiros, a macheza viril do presidente não passa de uma ilusão: o que ele fala pela frente não tem nada a ver com o que ele faz por trás. O presidente fez questão de esclarecer que jamais foi noiva do tal Aristides, apenas mantiveram um súbito relacionamento durante uma parada militar entre iguais.
Enquanto extremista liberal, sigo os sábios ensinamentos de Álvaro Valle, o fundador do PL que pregava a tolerância econômica, religiosa e sexual. Deve ter sido por isso que o presidente se filiou ao Partido Liberal, um partido que já foi acusado de tudo, menos de veadagem. Mesmo assim, dizem que o Valdemar Gosta, quer dizer, Costa.
Mas chega de baixo-astral: quero saudar aqui o novo (quer dizer, nem tão novo assim) presidente da ABL, Merval Pereira, esse rapaz a quem ensinei tudo que ele não deveria aprender no jornalismo. Juntos, participamos de coberturas históricas como o suicídio do Titanic, o assassinato de Getúlio e o naufrágio de Kennedy em Dallas. Espero que agora, com esse pistolão, eu consiga realizar o meu sonho: me tornar o mais velho, idoso e provecto membro da Academia!
Agamenon Mendes Pedreira é jornalista terrivelmente mau-caráter e sem escrúpulos.
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