Agamenon: Qatar, terra de contrastes, quer dizer, terra de contratos
Apresentei minha candidatura à Presidência da República diante de um país dividido pelo discurso do ódio, da polarização ideológica e de uma disputa pelo poder que não apresentava soluções concretas para os problemas reais do povo brasileiro. Minha intenção foi construir uma alternativa a essa situação de confronto, que não reflete a alma e o caráter da nossa gente...
A Copa do Mundo começou, o que para mim é um alívio, porque sempre fui muito bom em fazer jogadas. Infelizmente, não sou membro da Fifa (Federação Internacional de Falcatruas Antiéticas), com sede em Zurique, dentro de um cofre de banco. É na sede da Fifa que rola a verdadeira festa do futebol, onde as boladas são de, no mínimo, um milhão de euros. Quem me introduziu nessa roda foi o vetusto ancião e já falecido João Dafalange. Era eu apenas um jovem e miserável repórter, ainda engatinhando no jornalismo marrom, quando conheci os intestinos do futebol mundial assim como o futebol mundial conheceu meus intestinos. Foi uma experiência muito dolorosa e constatei que a única diferença entre a máfia e a Fifa é que na máfia só se fala italiano.
Realizar a cobertura da Copa no Qatar seria uma oportunidade rara para um desempregado crônico como eu, que só recebe o Auxílio Brasil se apresentar atestado de óbito. É melhor bater carteira na porta dos estádios qatarinenses que participar da Equipe de Transação do Lula, onde corro o risco de ser assaltado. Graças aos meus contatos no submundo da criminalidade, consegui uma carona no jatinho do Valdemort Costa Neto, dono do PL – Partido Lamaçal. Este grande empreendedor, que enriqueceu fabricando cloroquina falsificada no governo Bozonaro, nunca perde uma Copa do Mundo. Fomos recebidos no aeroporto pelo Emir Ahmed Ben Mamad, que explora a venda de bebidas alcoólicas proibidas no país. Como o Qatar é um país islamita muçulmânico, é proibido beber, mas roubar pode. Me senti em casa.
Valdemort Costa Neto vai aproveitar sua estadia no Qatar para pedir ao STF – Supremo Tribunal do Futebol – a anulação do sorteio dos jogos da Copa, que, segundo ele, foi adulterado. A ideia de Valdemort é substituir todas as urnas eletrônicas do mundo por máquinas de vídeo pôquer, que seriam cedidas por um miliciano com o qual ele tem sociedade. Quem também está nessa parada é o filho do quase ex-presidiário e ex-governador Sergio Marginal Filho, o que prova que bandidagem é genética.
Logo que cheguei, a minha primeira providência foi arrumar uma toalha para colocar na cabeça e ficar parecendo um árabe de baile de carnaval. Disfarçado de califa, aluguei um camelo e embiquei na direção da concentração do Brasil. No caminho, parei para abastecer o dromedário e comprar um pouco de maconha para levar pros jogadores da seleção canarinho.
Para minha desgraça, fui barrado na porta pelo Tite, que me deu um sermão de mais de 2 horas explicando os malefícios das drogas. Tentei convencer o “coach” brasileiro de que a minha marofa não era uma droga; ao contrário, era da melhor qualidade. Mas o “professor” não acreditou e ameaçou fazer uma preleção tática de mais de duas horas e eu desisti. Desolado, procurei uma mesquita de onde, voltado para Meca, implorei ao Profeta que me arrumasse um trampo. Minhas preces foram atendidas! Na sua infinita sabedoria, Maomé me arrumou uma vaga de volante na seleção do Qatar.
Eu devo estar com alguma uruca ou mau olhado, porque também acabei fracassando no escrete catarinho. Como era o único que sabia o que era uma bola ali, fui imediatamente rejeitado pelos jogadores e pela Comissão Técnica. Os invejosos arabescos me expulsaram da concentração e me jogaram no deserto, onde vaguei por vários dias, sem ter nada para beber e nem ao menos uma camela para comer. Desesperado, rastejando pelas areias escaldantes, achei que meus dias estavam próximos ao fim e que a morte se aproximava. Mas Alá é grande! Naquelas areias calorentas, uma mão caridosa se estendeu para mim, salvando-me da morte iminente.
– Aaaaagamenon! Haaaaaja emoção!
Era o Falcão Bueno, narrador e ave de estimação preferida dos árabes muçulmecas. Falcão, sempre generoso, me arrumou uma camisa verde-e-amarela e uma vaga na torcida desorganizada do Brasil. A torcida do Brasil está tocando o terror aqui nos Qatar, não deixa ninguém entrar nos estádios incendiando pneus e pedindo a intervenção militar no futebol brasileiro. Muitos torcedores são evangélicos e passam o dia todo orando. Ignorantes não sabem que estão num país muçulmano, onde Deus é Allah, o misericordioso, e que não trabalha com preces cristãs. Felizmente o juiz Alexandre de Moral já chegou para multar os manifestantes e instaurar a democracia aqui no Qatar.
Agamenon Mendes Pedreira é xiita sodomita.
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