Acabou o 7 de setembro
Jair Bolsonaro faltou ao depoimento na Polícia Federal, aconselhado por assessores "a não se submeter ao arbítrio" de Alexandre de Moraes. Não é a primeira vez que isso acontece. No caso sobre a interferência na PF, o presidente cozinhou o Supremo em fogo alto por meses, a AGU mudou de entendimento no caminho e, por fim, ele foi ouvido no próprio Palácio do Planalto numa audiência sigilosa...
Jair Bolsonaro faltou ao depoimento na Polícia Federal, aconselhado por assessores “a não se submeter ao arbítrio” de Alexandre de Moraes. Não é a primeira vez que isso acontece. No caso sobre a interferência na PF, o presidente cozinhou o Supremo em fogo alto por meses, a AGU mudou de entendimento no caminho e, por fim, ele foi ouvido no próprio Palácio do Planalto numa audiência sigilosa.
Agora, faz o mesmo jogo de cena. Bolsonaro sabe que, como presidente, pode ser ouvido por escrito ou presencialmente onde queira. Ir à PF não é uma opção. Ele também sabe que pode ficar em silêncio para não produzir provas contra si mesmo.
A bola agora está com Moraes, que pode elevar o tom, dizer que o presidente comete crime de responsabilidade ao não cumprir uma ordem judicial. Mas o ministro pode também interpretar o não comparecimento como manifestação do presidente de que preferiu ficar “silêncio”, a menos que peça a remarcação do ato.
O objetivo de Bolsonaro é político, claro. Em pleno ano eleitoral, ele sabe que pode perder o apoio imprescindível de sua militância, caso demonstre fraqueza. Nas lives recentes, o presidente voltou a atacar seus alvos preferenciais no STF, deixando claro que o armistício pactuado após o 7 de setembro, com apoio de Michel Temer, chegou ao fim.
Segundo interlocutores do Planalto, Bolsonaro ironizou a ordem de Moraes, dizendo que só vai à PF “no dia em que o Supremo conseguir prender o (blogueiro) Allan dos Santos”, alvo de um mandato internacional que nunca foi cumprido.
Considerado foragido no Brasil, Allan segue sua vida normal nos EUA, tendo comparecido a evento recente com a presença de Fábio Faria e, dias atrás, esteve no velório de Olavo de Carvalho. Apesar do pedido de prisão internacional, Bolsonaro trocou o representante da PF na Interpol e conseguiu estancar o cumprimento do mandato, desmoralizando a decisão do ministro.
E agora, Xandão?
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