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Acabou o 7 de setembro

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2 minutos de leitura 28.01.2022 16:45 comentários
Brasil

Acabou o 7 de setembro

Jair Bolsonaro faltou ao depoimento na Polícia Federal, aconselhado por assessores "a não se submeter ao arbítrio" de Alexandre de Moraes. Não é a primeira vez que isso acontece. No caso sobre a interferência na PF, o presidente cozinhou o Supremo em fogo alto por meses, a AGU mudou de entendimento no caminho e, por fim, ele foi ouvido no próprio Palácio do Planalto numa audiência sigilosa...

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Acabou o 7 de setembro
Reprodução/Twitter

Jair Bolsonaro faltou ao depoimento na Polícia Federal, aconselhado por assessores “a não se submeter ao arbítrio” de Alexandre de Moraes. Não é a primeira vez que isso acontece. No caso sobre a interferência na PF, o presidente cozinhou o Supremo em fogo alto por meses, a AGU mudou de entendimento no caminho e, por fim, ele foi ouvido no próprio Palácio do Planalto numa audiência sigilosa.

Agora, faz o mesmo jogo de cena. Bolsonaro sabe que, como presidente, pode ser ouvido por escrito ou presencialmente onde queira. Ir à PF não é uma opção. Ele também sabe que pode ficar em silêncio para não produzir provas contra si mesmo. 

A bola agora está com Moraes, que pode elevar o tom, dizer que o presidente comete crime de responsabilidade ao não cumprir uma ordem judicial. Mas o ministro pode também interpretar o não comparecimento como manifestação do presidente de que preferiu ficar “silêncio”, a menos que peça a remarcação do ato.

O objetivo de Bolsonaro é político, claro. Em pleno ano eleitoral, ele sabe que pode perder o apoio imprescindível de sua militância, caso demonstre fraqueza. Nas lives recentes, o presidente voltou a atacar seus alvos preferenciais no STF, deixando claro que o armistício pactuado após o 7 de setembro, com apoio de Michel Temer, chegou ao fim.

Segundo interlocutores do Planalto, Bolsonaro ironizou a ordem de Moraes, dizendo que só vai à PF “no dia em que o Supremo conseguir prender o (blogueiro) Allan dos Santos”, alvo de um mandato internacional que nunca foi cumprido.

Considerado foragido no Brasil, Allan segue sua vida normal nos EUA, tendo comparecido a evento recente com a presença de Fábio Faria e, dias atrás, esteve no velório de Olavo de Carvalho. Apesar do pedido de prisão internacional, Bolsonaro trocou o representante da PF na Interpol e conseguiu estancar o cumprimento do mandato, desmoralizando a decisão do ministro.

E agora, Xandão?

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Claudio Dantas é diretor-geral de Jornalismo de O Antagonista. Com mais de duas décadas cobrindo o poder, já atuou nas redações de EFE, Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e IstoÉ. Ganhou os prêmios Esso, Embratel e Direitos Humanos. Está entre os jornalistas mais influentes do Twitter e venceu três vezes o iBest de melhor veículo de política.

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Wilson Lima

Wilson Lima é jornalista formado pela Universidade Federal do Maranhão. Trabalhou em veículos como Agência Estado, Portal iG, Congresso em Foco, Gazeta do Povo e IstoÉ. Acompanha o poder em Brasília desde 2012, tendo participado das coberturas do julgamento do mensalão, da operação Lava Jato e do impeachment de Dilma Rousseff. Em 2019, revelou a compra de lagostas por ministros do STF.

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