‘Abin Paralela’ queria “caçar os podres” de Lira e Kim Kataguiri, diz PF
Os parlamentares estão entre os alvos do suposto monitoramento feito pela agência durante o governo Jair Bolsonaro
Durante as investigações que apuram o suposto esquema de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), apelidado de Abin Paralela, a Polícia Federal aponta que havia uma determinação para “caçar podres” do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do deputado federal Kim Kataguiri (União-SP). Os parlamentares estão entre os alvos do monitoramento feito pela agência durante o governo Jair Bolsonaro.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou nesta quinta-feira, 11, o sigilo das investigações, Mais cedo, a PF prendeu ao menos quatro suspeitos de participação no esquema.
A ação de espionagem foi descoberta pela PF por meio de mensagens de um grupo de WhatsApp dos envolvidos no esquema. Em uma delas, os acusados ordenam uma operação de “caçar podres de Kataguiri igual à ação feita contra Lira”, a qual não é especificada pelos envolvidos.
“Em relação ao PODER LEGISLATIVO, segundo a autoridade policial, foram identificadas ações clandestinas para “caçar podres” do Deputado Federal KIM KATAGUIRI (inclusive contra os seus assessores), ocasião em que se descobriu que em momento anterior também foram realizadas ações contra o Deputado Federal ARTHUR LIRA, tudo conforme diálogos entre os investigados GIANCARLO GOMES RODRIGUES e MARCELO ARAÚJO BORMEVET”, cita o ministro Alexandre de Moraes na decisão em que autorizou operação da PF contra os acusados.
A ação contra Lira foi revelada por Giancarlo, que é militar. Segundo a PF, o acusado revelou ainda que o mesmo tipo de ação também teria sido realizado contra o “pessoal do Renan”, possivelmente uma referência ao senador Renan Calheiros (MDB-AL).
Saiba quem foi monitorado pela ‘Abin Paralela’
Segundo a PF, foram monitoradas as seguintes autoridades, servidores e profissionais de comunicação:
- Poder Judiciário: ministros do STF Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux
- Poder Legislativo: o atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o deputado Kim Kataguiri (União-SP) e os ex-deputados Rodrigo Maia, que foi presidente da Câmara, Joice Hasselmann e Jean Wyllys (PSOL). E os senadores: Alessandro Vieira (MDB-SE), Omar Aziz (PSD-AM), Renan Calheiros (MDB-AL) e Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), que integravam a CPI da Covid no Senado.
- Poder Executivo: João Doria, ex-governador de São Paulo; os servidores do Ibama Hugo Ferreira Netto Loss e Roberto Cabral Borges; os auditores da Receita Federal do Brasil Christiano José Paes Leme Botelho, Cleber Homen da Silva e José Pereira de Barros Neto.
- Profissionais de comunicação: Monica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista.
Quem foi preso
Mais cedo, a PF deflagrou uma operação visando desmantelar uma rede de monitoramento ilegal da Abin Paralela. Ao todo, quatro pessoas foram presas, um militar do Exército, um agente da PF, um empresário e um ex-assessor da Secretaria de Comunicação Social do governo Bolsonaro.
O militar que foi detido era assessor do então diretor da Abin Alexandre Ramagem, atualmente deputado federal (PL-RJ). Ele é casado com uma servidora da agência e foi alvo da PF na última fase da operação, em janeiro.
De acordo com os investigadores, ele foi um dos responsáveis pelo suposto monitoramento do então presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e da então deputada Joice Hasselmann.
“Gabinete do ódio”
O segundo alvo preso é um agente da PF cedido à Abin e que já foi da Casa Civil no governo anterior. O agente também atuou como segurança do então candidato à Presidência Jair Bolsonaro, em 2018. Ele está afastado do cargo desde janeiro, por determinação do STF.
Um terceiro investigado foi assessor da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência e alvo da CPI da Covid por supostamente participar do chamado “gabinete do ódio”.
A PF aponta a ligação entre integrantes da Secom com a chamada Abin Paralela para criação de perfis fakes e disseminação de informações falsas (fake news) contra desafetos do governo.
O quarto alvo de prisão hoje é um empresário suspeito de disseminar essas fake news, que chegou a ser indiciado pela CPI da Covid. Um quinto alvo de mandado de prisão está em aberto.
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