A. Soares na Crusoé: O espanto das esquerdas ao encontrar alguém que não são eles
Quando vocês, super-ultra-anti-racistas, vão conseguir conversar com uma pessoa negra normalmente, sem salamaleques
Voltei agora pra casa numa van com duas atrizes, uma branca e uma negra. A branca parecia enormemente feliz de que a negra estivesse sendo amigável com ela. E eis algumas coisas que a garota branca disse para a garota negra durante o caminho de vinte minutos:
1) “Já namorei um negro.”
2) “Inclusive o meu namorado atual é negro.”
3) “Tá bom, negro não, peruano. Mas ele é mais escuro do que você até.”
4) “Eu não sinto atração por branco.”
5) “Eu acho a cor da minha pele meio repulsiva.”
6) “O DNA do negro é superior ao do branco.”
7) “Eu não queria ser branca, eu queria ser negra.“
8) “Acho que em outra vida eu fui negra.”
A todas essas a garota negra respondia sensatamente coisas como “arrã”, “que legal”, e (na parte do DNA) “não acho superior, superior não, né, igual, igual” – e eu tentava me concentrar mal-sucedidamente na leitura de The Rape of the Lock, de Alexander Pope (um branco, corcunda).
Ó vocês super-ultra-anti-racistas, quando vão conseguir conversar com uma pessoa negra normalmente, sem salamaleques, auto-humilhações, xingamentos aos próprios antepassados, cusparadas nas próprias avozinhas e assim por diante?
Quando conseguirem isso, aproveitem e tentem também interagir com normalidade com os membros das classes baixas cujos serviços vocês contratam: motoristas de Uber, mecânicos, eletricistas e assim por diante. Vocês sempre parecem horrorizados ao ouvir o que eles falam, reproduzem os diálogos no Twitter para seus colegas twinkies espantados, como se vocês não soubessem mesmo quais as prováveis opiniões políticas e sociais de um membro do povo. Se acalmem, eles não são esclarecidos — com certeza algum autor marxista deve ter estudado essa tacanhice infeliz das pessoas que não moram no seu bairro.
Ou se a interação não vai para esse lado desagradavelmente ideológico e é mais simples e benévola, sempre parece que vocês estão tendo algum tipo de experiência erótico-religiosa, como William Blake (branco, nudista) falando com anjos em cima de árvores.
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O homem…
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