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A janela da reeleição

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Diego Amorim
4 minutos de leitura 02.03.2022 16:07 comentários
Brasil

A janela da reeleição

Como lembramos mais cedo, amanhã se abrirá a chamada janela partidária, um período que vai durar até 1º de abril e no qual deputados poderão trocar de legenda sem serem punidos. Para os dirigentes partidários, interessa ter o maior número de deputados, pois é a partir daí que, com base na lei eleitoral, se define o montante do fundo partidário de cada sigla...

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Diego Amorim
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A janela da reeleição
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Como lembramos mais cedo, amanhã se abrirá a chamada janela partidária, um período que vai durar até 1º de abril e no qual deputados poderão trocar de legenda sem serem punidos.

Para os dirigentes partidários, interessa ter o maior número de deputados, pois é a partir daí que, com base na lei eleitoral, se define o montante do fundo partidário de cada sigla.

Já aos deputados em si interessa a reeleição, não importa por qual partido. O parlamentar que está em Brasília fará uma conta simples: em qual legenda terei mais chance de sair vitorioso de novo das urnas?

“No fundo, ninguém vai dizer isso, mas o deputado pensa, primeiro, no seu umbigo. Ele quer se reeleger. Depois, ele vai pensar em conjuntura política, em composições aqui e acolá, nessas coisas todas que sempre falam”, confidenciou a O Antagonista — pedindo reserva, claro — um ex-deputado que passou 18 anos na Câmara.

Não é por acaso que, como já noticiamos, presidentes de partidos estão sendo pressionados por deputados a liberarem suas bancadas na corrida presidencial deste ano. Com a polarização e a dificuldade de a Terceira Via se impor, poucos querem se atrelar a algum candidato, tentando garantir, assim, com a tal neutralidade, votos de todos os lados nos estados.

Esse raciocínio muda em localidades onde há uma prevalência muito marcante por determinado candidato. Por exemplo, o deputado Bacelar, do Podemos da Bahia, já disse publicamente não concordar com a pré-candidatura de Sergio Moro pelo seu partido, porque ele acredita que o seu estado votará, majoritariamente, em Lula.

“Cada partido, em cada localidade, vai estudar de que maneira poderá eleger o maior número de deputados. É a partir desses cálculos que os dirigentes vão oferecer vantagens para atrair deputados de outras siglas. E cada deputado, também em cada estado, com suas peculiaridades, não vai querer inventar moda: ninguém vai continuar em um partido, por exemplo, que vai por um caminho oposto ao que ele enxerga na sua base eleitoral”, continuou o experiente ex-parlamentar, em reservado.

Nessas negociações, pesam, em grande parte, as promessas feitas pelos partidos aos deputados sobre a disponibilidade de valores do fundão para as campanhas à reeleição. Sem o financiamento privado, os caciques ganharam ainda mais poder na escolha dos candidatos e, claro, quem tem mais grana — ao todo, serão R$ 4,9 bilhões de dinheiro público — para torrar em 45 dias de campanha, em tese, larga na frente.

Um líder de importante partido na Câmara disse a O Antagonista que, “no momento, está todo mundo conversando com tudo mundo”. Um presidente de uma outra sigla afirmou: “Não sei ainda como ficará a nossa bancada, saberemos mais adiante”.

Atualmente, a União Brasil, resultado da fusão entre DEM e PSL, tem a maior bancada da Casa (78 deputados), seguida de PT (53), PP (43) e PL (42).

O pequenino PCdoB, liderado por Renildo Calheiros, primo de Renan, tem hoje 8 deputados em exercício mais 1 licenciado, Márcio Jerry, que virou secretário do governo de Flávio Dino no Maranhão, mas que deverá voltar à Câmara nos próximos dias. Segundo Renildo, “estamos trabalhando para aumentar a bancada”. Ainda na esquerda, o PSOL reduzirá sua bancada de 9 para 8 integrantes, uma vez que David Miranda vai para o PDT. O partido de Ciro Gomes, aliás, deverá perder e ganhar deputados, ficando com os atuais 25 representantes ou algo em torno disso.

O MDB, hoje com 34 deputados, espera ganhar mais 2. A União vai perder muita gente, principalmente em razão da migração de bolsonaristas do PSL para o PL, e vai acabar com cerca de 55 deputados, segundo a estimativa da cúpula do novo partido. O PSDB, hoje com 30 deputados, poderá assistir a uma debandada de até 7 deles, mas com chances de ganhar 2 — a federação com o Cidadania (com 8 deputados em exercício) ajudará a contrapor essas perdas.

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Diego Amorim

Se formou em jornalismo pela UnB. Trabalhou no Blog do Noblat e no Correio Braziliense. Gosta da notícia e dos bastidores dela em qualquer área. Entre outros prêmios, ganhou duas vezes o Esso de Informação Econômica e duas vezes o Embratel. Está em O Antagonista desde abril de 2016, quando se juntou à equipe para a cobertura do impeachment de Dilma Rousseff. Desde então, não tem dado sossego a políticos de todos os partidos em Brasília. É chefe de redação de O Antagonista em Brasília.

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