A hora da decisão
O presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula disputam hoje o segundo turno das eleições presidenciais de 2022. Segundo os principais institutos de pesquisa, os dois estão tecnicamente empatados no limite da margem de erro...
O presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula disputam hoje o segundo turno das eleições presidenciais de 2022. Segundo os principais institutos de pesquisa, os dois estão tecnicamente empatados no limite da margem de erro.
Esse é o cenário mais equilibrado desde as eleições gerais de 2014. Na época, Dilma (PT) e Aécio Neves (PSDB) chegaram na reta final daquele pleito também em situação de empate técnico. O último Datafolha do período apontava Dilma com 52% dos votos contra 48% de Aécio – a margem de erro era de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Coincidentemente, as principais pesquisas de intenção de voto divulgadas ontem davam cenário semelhante ao de 2014. O próprio Datafolha indicava placar de 52% x 48% – exatamente o mesmo patamar de oito anos atrás.
As eleições de 2022 foram marcadas pela antecipação do debate eleitoral e pela desidratação precoce da chamada Terceira Via.
Desde 2020, tanto Bolsonaro quanto Lula indicavam que seriam candidatos; do outro lado, outros nomes como Ciro Gomes (PDT), Eduardo Leite (PSDB), João Doria (sem partido), Simone Tebet (MDB), Sergio Moro (União Brasil) patinavam nas pesquisas e demoraram a lançar um consistente projeto para furar a polarização Lula x Bolsonaro.
Simone, por exemplo, oficializou sua pré-candidatura apenas em maio deste ano e sem apoio de alguns caciques do partido, como Renan Calheiros; Eduardo Leite ainda tentou lançar seu projeto presidencial, mas foi sabotado pela ala dorista do PSDB, que investiu no nome do ex-governador de São Paulo. Sem conseguir crescer nas sondagens prévias, Doria abandonou o sonho presidencial, e Leite, obrigado a voltar a disputar o governo do estado.
O ex-juiz também tentou lançar seu nome, mas sem crescer nas pesquisas não teve apoio da União Brasil que preferiu lançar a senadora Soraya Thronicke. Moro enveredou para uma disputa vitoriosa ao Senado e Ciro Gomes, depois de um franco tiroteio contra Lula, acabou a campanha de 2022 apenas na quarta colocação e desapareceu ao longo do segundo turno.
A campanha Lula x Bolsonaro foi marcada pela ausência de propostas e por um intenso tiroteio entre os dois postulantes ao Palácio do Planalto. Apenas na reta final de campanha, Lula aceitou firmar compromissos com o mercado financeiro, se comprometendo a manter as bases do teto de gastos, e com o público evangélico.
Lula fez apenas algumas promessas pontuais, recuperando projetos de seus adversários, como atualizar a tabela do imposto de renda – algo já abordado por Bolsonaro na campanha passada – e instituir um programa de renegociação de dívidas – proposta feita por Ciro Gomes tanto em 2018 quanto em 2022.
Já o presidente da República lançou ontem uma carta com 22 propostas para o Brasil. Entre as quais, o compromisso de reajustar o mínimo para R$ 1,4 mil no ano que vem e corrigi-lo acima da inflação nos anos subsequentes, de elevar o Auxílio Brasil para R$ 600 e até manter o atual número de ministros do STF.
As eleições de 2022 também foram marcadas por várias intervenções do TSE. Sob a justificativa de combater notícias falsas, a Corte Eleitoral aprovou uma resolução que ampliou o poder do tribunal neste assunto. O texto foi alvo de protestos de deputados e senadores governistas e alvo de uma ação direta de inconstitucionalidade impetrada pelo procurador-geral da República, Augusto Aras.
Bolsonaro chamou as decisões de interferências indevidas; a campanha petista as classificou como intervenções necessárias e preventivas.
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