Você, eleitor, é um idiota! Quem disse? Pablo Marçal
Desconheço político que não manipule e minta. Assim como, desconheço eleitor que não saiba que está sendo manipulado e enganado
É chocante a naturalidade – e talvez realidade – da fala de Pablo Marçal ao apresentador Igor Coelho, do Flow Podcast: “Num processo eleitoral, você me perdoe, você tem de ser idiota. Como eu vou gastar meu tempo? Infelizmente, nossa mentalidade gosta disso, por ser um povo que gosta disso, preciso produzir isso, tenho que ter um comportamento que chame a atenção, não é uma parada que eu me divirto”.
Para os idiotas que não entenderam, eu traduzo: Pablo disse que suas barbaridades não o agradam, mas são planejadas e ditas para agradar vocês. Ou seja, além de condenado por furto e próximo de gente ligada ao crime organizado, o ex-coach é mentiroso, manipulador e considera seus eleitores verdadeiros idiotas. Eu não chegaria a tanto, pois considero legítimas, ainda que inadequadas, certas escolhas políticas.
Desconheço político que não manipule e minta. Assim como, desconheço eleitor que, no fundo no fundo, não saiba que está sendo manipulado e enganado. O diabo é que, por alguma razão que não compreendo, muitos se permitem ao papel de trouxas. Pior. Brigam por aqueles que, sabidamente, os usam para interesses próprios. Há alguma conexão afetiva ou psicológica entre os agentes ativo e passivo da empulhação.
Realidade paralela
Talvez a grande sacada de gente como Marçal seja aparentar ser uma espécie de empregado – soldado me parece um termo melhor -, disposto a matar e morrer por seu líder, no caso, o eleitor. É como se acreditássemos que o político A ou B estivesse, na verdade, realizando, em nosso lugar, aquela tarefa que não temos tempo, paciência, coragem ou capacidade para executar. Acabamos acreditando que estamos no comando.
Neste momento, ao menos nos corações e mentes dos idiotas manipulados, não é Marçal ou Lula ou Bolsonaro – e pouco importa o populista em questão – o beneficiado. Ao contrário. Ele (ou eles) seria apenas o instrumento. Os espertos seríamos nós, os poderosos eleitores que, através do voto, escolhemos quem irá nos representar. Dizem que o maior truque do diabo é nos convencer de que ele não existe. Ao que parece, funciona.
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