“Um plagiador liderando uma universidade é como um ladrão comandando a polícia”
A renúncia da reitora de Harvard, Claudine Gay, primeira negra e segunda mulher a comandar a mais conhecida universidade americana, segue provocando controvérsias e debates sobre a influência perniciosa do identitarismo radical que subverte o mérito e envia mensagens contraditórias sobre o papel das instituições de ensino superior.
A renúncia da agora ex-reitora de Harvard, Claudine Gay, primeira negra e segunda mulher a comandar a mais conhecida universidade americana, segue provocando controvérsias e debates sobre a influência perniciosa do identitarismo radical que subverte o mérito e envia mensagens contraditórias sobre o papel das instituições de ensino superior.
Em artigo publicado nesta quarta, 3, Gay tenta se defender dizendo que a polêmica que envolveu seu nome é “maior que ela”. Ela saiu em defesa de sua carreira acadêmica e de sua visão de mundo que, segundo acredita, é o verdadeiro alvo dos “ataques” que, ainda segundo ela, incluíram até ameaças de morte por e-mail.
Para a ex-reitora, “este foi apenas um pequeno confronto em uma guerra mais ampla para desfazer a fé pública nos pilares da sociedade americana”.
No texto, admite que errou na condução dos casos de antissemitismo no campus após o 7 de outubro: “sim, eu cometi erros. Em minha resposta inicial às atrocidades de 7 de outubro, deveria ter afirmado com mais força o que todas as pessoas de boa consciência sabem: o Hamas é uma organização terrorista que busca erradicar o estado judeu.” Ela considerou a desastrosa audiência no Congresso, que foi a principal causa do escândalo que levou à sua queda, de uma “armadilha”.
Muitas vozes defensoras do mérito acadêmico e da liberdade de expressão reagiram ao texto de Gay e de alguns de seus defensores que veem a ex-reitora como uma radical ideológica oportunista, com credenciais acadêmicas frágeis, mas uma alpinista social com habilidade ímpar de usar seus “cartões” identitários (mulher, negra e filha de imigrantes haitianos) para subir a escada da hierarquia acadêmica.
O bilionário Bill Ackman, um dos seus críticos mais enfáticos de Gay, formado em estudos sociais com a distinção magna cum laude em Harvard, onde também concluiu seu mestrado de administração de empresas, escreveu um longo artigo no jornal online The Free Press, depois reproduzido por ele mesmo no seu perfil no X, ex-Twitter, em que ataca duramente a “DEI”, política autoproclamada de avanço da “Diversidade, Equidade e Inclusão”, como a responsável pela ascensão de Gay e a perversão do mérito nas universidades:
“Aprendi que a causa raiz do antissemitismo em Harvard era uma ideologia promovida no campus, um quadro de opressor/oprimido”, disse Ackman. Para Elon Musk, que compartilhou o texto de 4 mil palavras de Ackman na sua rede, “DEI é apenas mais uma palavra para racismo. Que vergonha para quem usa.”
Já o colunista britânico Brendan O’Neill, numa peça contundente na revista The Spectator em que defende que Claudine Gay, a despeito de suas alegações, não é vítima de racismo. Diz O’Neill:
“Não foi a mítica multidão racista que encerrou o mandato de Gay como presidente de Harvard: foram suas próprias falhas acadêmicas e morais aparentes.
Ela foi acusada do pecado capital da academia – plágio. Repórteres atentos descobriram inúmeros casos em que Gay parece ter copiado outros autores.
Ter um suposto plagiador no comando de uma universidade é como ter um ladrão à frente da polícia. Ela tinha que sair.”
In light of today’s news, I thought I would try to take a step back and provide perspective on what this is really all about.
I first became concerned about @Harvard when 34 Harvard student organizations, early on the morning of October 8th before Israel had taken any military…
— Bill Ackman (@BillAckman) January 3, 2024
DEI is just another word for racism. Shame on anyone who uses it. https://t.co/HM94ZZmfhU
— Elon Musk (@elonmusk) January 3, 2024
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