Todo mundo quer tirar uma casquinha dos nossos heróis olímpicos
Governo federal, deputados e senadores querem aproveitar momento para obter dividendos políticos a partir das medalhas conquistadas nas Olimpíadas de Paris
O roteiro é repetido, conhecido… clichê até. Bastam uma, duas, três medalhas de ouro para que certos personagens, autoridades e até mesmo instituições tentem tirar uma casquinha dos nossos heróis olímpicos. Algo ultrajante, mas em 2024 essa atitude manjada ganhou contornos que beiram a estupidez.
A forma tacanha como o Ministério das Comunicações tentou promover uma ação pública de inclusão digital ao excluir Rebeca Andrade do pódio histórico entrará para os anais da política brasileira. Não se trata aqui de um erro bobo. Se não bastasse a ideia infeliz de se tentar obter lucros políticos com uma conquista histórica, a pasta ainda conseguiu o feito de distorcer uma imagem que, simbolicamente, era extremamente poderosa. Principalmente para os arautos da cultura woke.
Eu adoraria que esse tipo de absurdo parasse por aí. Mas sinto muito, caro leitor (a). Isso é apenas o começo. Nesta semana, O Antagonista revelou que pelo menos dois parlamentares – um da Câmara e outro do Senado – apresentaram projetos de lei para isentar de Imposto de Renda os medalhistas olímpicos. Uma atitude louvável. Mas que fica a pergunta: por qual motivo essa ideia foi apresentada apenas agora?
Em agosto, Lula pretende receber os medalhistas olímpicos no Palácio do Planalto. Será aquele momento em que petistas vão proclamar maravilhas sobre o programa Bolsa Atleta e o instante em que a primeira-dama, Janja, inundará sua rede social com imagens ao lado dos nossos heróis.
Onde está a participação do governo para incentivar os atletas olímpicos?
Diante disso, faz-se necessário um questionamento: onde está a real participação do governo federal e de deputados e senadores na promoção do esporte olímpico no país? Onde estão as reais políticas públicas e as ações federais e dos estados em prol do esporte de alto rendimento.
O Distrito Federal é um exemplo perfeito disso. Nesta terça-feira, 6, o secretário de Esporte e Lazer do Distrito Federal, Renato Junqueira, disse que o estádio de Sobradinho, cidade do medalhista olímpico Caio Bonfim, será reformado. Mas só agora? Foi necessário o Distrito Federal ser envergonhado mundialmente em virtude das condições precárias de treino dos atletas locais para que o governo local tomasse alguma atitude?
Investir em esporte significa investir na imagem do país lá fora. Esse é outro clichê. Agora, é inconcebível que entra ano, sai ano; entra olimpíada, saí olimpíada, e ainda tenhamos que esperar por milagres individuais para de fato valorizar a atividade esportiva no nosso país.
Lamentável.
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