Tarcísio, cercado pelos inimigos – inclusive Lula
Presidente petista tenta explorar evento com Tarcísio de Freitas em Santos (SP) para bancar o bom moço da política nacional
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, foi no mínimo inocente ao topar candidamente fazer palanque para o presidente Lula, durante solenidade de formalização da parceria com o ex-ministro de Jair Bolsonaro para a construção do túnel submerso que vai ligar Santos e Guarujá.
Lula, que de bobo não tem nada, usa Tarcísio, deliberadamente, como uma escada para bancar o estadista e o bom moço. Mera ilusão. Nesta sexta-feira, 2, por exemplo, durante o ato com Tarcísio, Lula defendeu o “respeito à diversidade, às diferenças”.
Eis o que o petista disse:
“A democracia é o respeito à diversidade, às diferenças, é a gente aprender a conviver com quem a gente não gosta, a gente respeita o direito até da pessoa não gostar da gente. Isso não impede que a gente seja responsável de lidar com as nossas diferenças”.
Na teoria
Na teoria, lindo; na prática, nem tanto.
Lula é conhecido (e sempre foi) por atacar adversários; os governos petistas também têm esse mesmo DNA e os exemplos são inúmeros. Para não cansar o (a) nobre leitor (a), fiquemos apenas no episódio mais recente: a Secom de Lula tripudiou com todo o tipo de ironia o vereador Carlos Bolsonaro após ele ter sido alvo da Polícia Federal.
Ao falar em pacificação, harmonia e outras coisitas mais ao lado de Tarcísio, Lula, em um tiro só, consegue desgastar a imagem do governador de São Paulo junto ao seu eleitorado cativo e, de quebra, ainda posa de Mahatma Gandhi tupiniquim.
Lula sabe que a imagem dele dando a mão para Tarcísio de Freitas tem um potencial extremamente danoso à imagem do ex-ministro de Jair Bolsonaro. Para o eleitor mais bolsonarista, a imagem representa a mais pura tração aos ideais pregados pelo ex-presidente da República inelegível. Joice Hasselmann está aí para provar os danos provocados por essa pecha de “traidor de Bolsonaro”.
Agora, fica a pergunta: Tarcísio poderia simplesmente se negar a participar de um evento oficial? Sim, poderia. Mais eis aí o xadrez de Lula: ao convidar Tarcísio para um evento como esse, o petista colocou o governador em saia-justa. Ao comparecer, Tarcísio corria o risco de ser chamado de melancia (e, de certa forma o foi); se faltasse, Tarcísio seria taxado de antidemocrático.
Tarcísio tentou se esquivar dessa foto com Lula nos atos de 8 de janeiro. Mas, como não havia obra em curso, conseguiu fugir de mansinho. Agora, ficou praticamente impossível. Resta a Tarcísio apenas um caminho agora: sanar os danos provocados pelo PT. Como sempre.
E essa não será uma luta fácil para o governador paulistano.
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