Senado pode se tornar porto seguro para Gusttavo Lima na Justiça
Convidado pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado, a se candidatar ao Senado, o cantor poderá ter foro privilegiado no Supremo, em 2027
Imagine reunir em uma festa badaladíssima, a bordo de um iate bilionário — sim, milionário é para os fracos! —, um ministro do Supremo, um governador de estado, um dono de clube de futebol, empresários poderosos e, claro, um ou outro casal enrolado com a Justiça.
Melhor ainda se, entre comes e bebes de primeira, o cenário for as ilhas gregas, sob o sol um pouco mais ameno de setembro, no sempre fervilhante Mediterrâneo. Ah! Tal convescote custaria, segundo estimativas conservadoras, “parcos” 10 milhões de reais.
Sim. O aniversário de 35 anos do cantor e influencer — profissão que carece de código na Receita Federal —, Gusttavo Lima, ganhou as manchetes do país no começo do mês. Como o assunto também é música, me lembrei de Beto Guedes em “Sol de Primavera”.
Porto seguro não é Porto Seguro
Mas, primeiro, vamos à polícia, ou melhor, à política. Com a prisão preventiva decretada – e já revogada -, por suposto envolvimento com foragidos da Justiça, em um enrosco que promete dar muito o que falar, Gusttavo Lima pode seguir uma trilha bem conhecida.
Convidado pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado, um dos convivas do rega-bofe grego, a se candidatar ao Senado em 2026, o cantor pode buscar as barbas do Supremo como possível “porto seguro” para o processo, ou processos, que poderá enfrentar.
Além de conseguir o tal foro por prerrogativa de função, ou foro privilegiado, caso se candidate e seja eleito, o cruzeirense — aliás, Pedro Lourenço, dono da SAF do Cruzeiro, também estava à bordo — poderá contar com outra boa amizade se um dia precisar.
Quem tem padrinho não morre pagão
Também presente à festa no litoral grego, o ministro Nunes Marques. Gusttavo é mesmo, portanto, um sujeito de (muita) sorte, além de (muito) talento – para a música e as amizades. Pena que, às vezes, uma ou outra companhia não seja lá tão virtuosa.
O Brasil é, sem sombra de dúvida, o paraíso do compadrio judicial. Principalmente se os envolvidos puderem contar com advogados que frequentam o STF trajando bermudas, ou que participam de eventos internacionais de Direito bastante seletos, em Portugal.
Os tais “embargos auriculares”, sabidamente, costumam funcionar mais do que qualquer petição bem-fundamentada. Quem disse? Os próprios – como é mesmo? – operadores do Direito, ué. E quem sou eu para duvidar dos fatos e das sentenças, não é verdade?
Quem canta seus males espanta
Voltando ao Beto Guedes e à belíssima Sol de Primavera, abaixo, alguns trechos da antiga canção: “Quando entrar setembro. E a boa nova andar nos campos. Quero ver brotar o perdão. Onde a gente plantou. Juntos outra vez”. Tudo a ver, né: setembro, perdão?
E nem só de Gusttavo Lima vive a música brasileira: “Já choramos muito. Muitos se perderam no caminho. Mesmo assim não custa inventar. Uma nova canção. Que venha nos trazer. Sol de primavera”. Agora, atenção: “A lição sabemos de cor. Só nos resta aprender”.
Falem a verdade: é melhor do que Gatinha Assanhada: “Cê tá querendo o quê? E tá perdendo a linha. Descendo na balada. Com o dedinho na boca. Ela tá pirada”. Boa sorte, Gusttavo! No Senado, no Supremo, na Grécia. Ah! Vai de Bet, digo, vai de boa. Abração.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)