Queda do desemprego limita cortes de juros
Desemprego cai a 5,2%, mostra mercado de trabalho firme e com pouco espaço para cortes rápidos na taxa de juros
A taxa de desemprego caiu para 5,2 por cento no trimestre encerrado em novembro e voltou a surpreender para baixo.
O dado divulgado pelo IBGE confirma que o mercado de trabalho brasileiro segue firme mesmo com sinais claros de perda de ritmo da economia.
Não é um movimento brusco, nem espalhado por todos os setores, mas suficiente para manter o nível de ocupação elevado e a renda em alta.
Na prática, o número mostra que o emprego cresceu mais rápido que a força de trabalho. Foram cerca de 357 mil pessoas a mais ocupadas no trimestre, enquanto pouco mais de 100 mil entraram na busca por vaga.
Essa diferença explica a nova queda do desemprego e reforça a leitura de um ajuste lento. O mercado não está esfriando no mesmo passo que outros indicadores de atividade.
O perfil das vagas de emprego ajuda a entender esse comportamento. O avanço segue concentrado no emprego formal e no setor público, enquanto áreas mais sensíveis ao ciclo econômico perdem fôlego.
Empregadores e trabalho doméstico continuam encolhendo, sinal de cautela das famílias e das pequenas empresas.
Já o setor privado formal ainda sustenta contratações, embora em ritmo menor do que no auge da recuperação.
Outro ponto que chama atenção é a renda. Os salários estão crescendo em ritmo acima do normal, especialmente em setores como serviços, que usam muita mão de obra. Para as empresas, isso significa gastar mais para manter os funcionários.
Esse movimento indica pressão salarial persistente e ajuda a explicar por que a inflação subjacente demora a ceder. Mesmo com consumo mais contido, o custo do trabalho segue pressionando os preços.
Essas informações pesam diretamente sobre a política monetária. “Na prática, os dados não validam um afrouxamento monetário imediato (corte na taxa de juros), pois mantém elevada a inércia inflacionária”, avalia o economista-chefe da Lev Intelligence, Jason Vieira.
A leitura é que economia desacelera, mas o emprego resiste. Para o Banco Central, isso significa conviver com juros elevados por mais tempo, em um esforço para conter a inflação sem provocar uma quebra abrupta do mercado de trabalho.
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