Quarentões na Fórmula 1: experiência ou teimosia?
Lewis Hamilton com 40 anos e Fernando Alonso com 43 seguem rápidos, mas os quarentões da Fórmula 1 nem sempre se dão bem.
Lewis Hamilton completou 40 anos hoje, e, ao que tudo indica, ainda não pensa em parar. Fernando Alonso, aos 43, vive uma fase espetacular, calando críticos e mostrando que o peso da idade, no caso dele, é só um número.
Mas a história da Fórmula 1 já viu outros quarentões ousarem desafiar o tempo. É uma linha tênue entre a motivação e a teimosia, algo que o esporte e a mídia sabem muito bem como explorar.
Hamilton, sete vezes campeão mundial, está longe de ser apenas um piloto. Ele é um ícone, dentro e fora das pistas. Desde que estreou em 2007, não passou um ano sem ser relevante.
Aos 40, segue competitivo, embora nos últimos 3 anos com a Mercedes tenha sido eclipsado pelo jovem George Russell. Agora tentará a sorte na Ferrari ao lado de outro talento da nova geração, Charles Leclerc.
Experiência é uma arma valiosa
Fernando Alonso, por sua vez, vive uma espécie de renascimento. Aos 43, o bicampeão mundial lidera a Aston Martin como se ainda fosse aquele jovem que em 2005, destronou Michael Schumacher. A diferença? Hoje, ele tem um conhecimento absurdo das nuances da Fórmula 1.
Se a equipe de Lawrence Stroll não conseguiu brigar por vitórias em 2024, o espanhol foi um dos grandes responsáveis por levar o time a resultados inesperados e uma pontuação sólida.
Sua habilidade de leitura de corrida, aliada à frieza típica da maturidade (ao menos na condução, ainda que nem sempre no rádio), fazem do veterano espanhol um exemplo de que experiência conta – e muito.
Nem todos conseguem se manter rápidos
E já que mencionamos Schumacher, não tem como não lembrar de sua polêmica volta em 2010, aos 41 anos, pela Mercedes. Depois de 3 anos parado, o heptacampeão parecia deslocado no grid, algo que feriu sua imagem de lenda inatingível. Foram três anos melancólicos, com apenas lampejos do velho campeão, eclipsado por Nico Rosberg e por uma geração que parecia simplesmente mais rápida.
Mesmo assim, Schumacher trouxe uma considerável contribuição técnica para a Mercedes, ajudando a construir a base do domínio que o time exerceria poucos anos depois com Hamilton.
Kimi Raikkonen, finlandês campeão em 2007, retornou à Fórmula 1 em 2012 e seguiu ativo até se aposentar no fim de 2021, aos 41 anos, conseguindo mais 3 vitórias nessa segunda fase, que começou muito bem, mas terminou mais discreta, até por não estar numa grande equipe nos últimos 3 anos.
Nigel Mansell foi outro que desafiou o relógio. Campeão em 1992, ele voltou à Fórmula 1 em 1994, aos 41, para disputar algumas corridas pela Williams – e até venceu em Adelaide. Depois disso, ainda arriscou algumas provas pela McLaren em 1995, mas ficou claro que as garras do “Leão” já não eram tão afiadas.
O debate é eterno: até quando um piloto pode ser competitivo? Na Fórmula 1 moderna, com carros cada vez mais tecnológicos, dependentes de reflexos rápidos e preparação física, passar dos 40 e seguir sendo competitivo parece um feito quase sobrenatural.
Diferentes gerações de pilotos nas pistas
Mas Alonso mostra que o segredo pode estar na adaptação. Ele sabe usar a experiência como arma, compensando eventuais limitações físicas com inteligência estratégica.
Esse, aliás, é o desafio de Lewis Hamilton em sua fase final na Ferrari: se adaptar, algo que não conseguiu fazer nos carros desequilibrados da Mercedes nascidos sob esse regulamento técnico, que deixa de existir ano que vem.
Para os fãs, ter quarentões no grid é uma mistura de nostalgia e admiração. Ao mesmo tempo, é impossível ignorar que, algumas vezes, eles ocupam espaços que poderiam ser de jovens talentos.
Também é curioso observar que Alonso, por exemplo, alinhará no grid desse ano ao lado de 7 pilotos que nem haviam nascido quando ele já estava correndo de Fórmula 1 em 2001.
Mas, sejamos francos: quem está no grid por tanto tempo é porque mereceu e ainda apresenta – ou se espera que apresente – bons resultados. E que Hamilton se junte à lista dos quarentões tenazes bem sucedidos nessa tentativa.
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