Ao anunciar uma possível candidatura presidencial, o cantor sertanejo Gusttavo Lima mexeu no tabuleiro político para 2026. Principalmente entre os integrantes da chamada direita.

Jair Bolsonaro tem consciência de que apenas por um milagre ele será candidato em 2026. Mesmo assim, o ex-presidente insiste em manter viva a sua pré-candidatura de olho em uma mudança na correlação de forças no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ou em uma leniência imaginária de integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF).

Não custa lembrar, Bolsonaro foi declarado inelegível em duas ações no TSE e ainda corre o risco de ser condenado criminalmente por supostamente participar de um plano para se dar um golpe de Estado no Brasil. No STF, a questão não é se Jair Bolsonaro será condenado, mas a qual pena e quando ela será decretada.

Em terra sem lei, Gusttavo Lima vira esperança

É justamente nesse cenário em que o eleitor da direita se vê órfão. E eis que aparecem nomes como o do empresário Pablo Marçal ou, agora, do cantor Gusttavo Lima.

Gusttavo Lima teria capacidade para ir até o fim em uma candidatura presidencial? Acho pouco provável. Outros nomes já apareceram no passado como o do apresentador Luciano Huck ou mesmo do finado Sílvio Santos. Sílvio tentou, mas teve sua candidatura impugnada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Outros artistas tentaram carreira política, mas pouco fizeram como os deputados federais Tiririca (ex-palhaço), Sérgio Reis (cantor), Luiz Lima (ex-nadador)… ainda há a ala dos famosos que até tentam fazer algo diferente na política, mas, de forma substancial, pouco acrescentaram como os senadores Romário (ex-jogador) e Jorge Kajuru (ex-apresentador esportivo).

Quando Gusttavo Lima afirma que poderia contribuir para a política pela sua visão empreendedora, esse é apenas um discurso fácil e palatável. Mas que não para de pé. Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, é conhecido entre seus colegas por ser um empreendedor de sucesso e um grande pecuarista. Isso ajudou em algo para fazer do Brasil um país melhor? Definitivamente, não.

Um novo Pablo Marçal?

Mas voltando à possível candidatura de Lima. Como mostrou O Antagonista, Pablo Marçal afirmou nesta quinta-feira que a declaração do cantor sertanejo reflete a falta de renovação política no país.

“Está sem safra de político antigo. Um está bloqueado, o outro vai morrer, o outro não sei o quê. É normal. Tem que mudar a safra, senão vai sobrar tudo na cara do gol, não pode ser tão fácil assim o negócio”, disse Marçal.

Errado, o influenciador não está. E diria mais: não falta apenas político, falta político bom e honesto nesse país. E, na falta de gente pura, honesta, e que queira mudar, resta apenas a esperança. O problema é que a esperança tende a morrer com mais facilidade do que todos imaginam.