Pibão do 2º tri rimou com inflação e vai levar a juros mais altos
Sem investimentos, expansão da economia puxada pela demanda será acompanhada de pressão sobre os preços
Os números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) reforçaram a visão de forte expansão da economia brasileira e surpreenderam mais uma vez. A notícia é boa sob a ótica de emprego e renda para os cidadãos, mas a qualidade desse crescimento pode anular o lado positivo.
Um PIB (Produto Interno Bruto) que cresce a custas de incentivos e gastos provocados pelo governo tende a pressionar a capacidade produtiva nacional. Se a demanda não vier acompanhada da ampliação da produção das empresas, a pressão por novos produtos pode se transformar em preços mais altos, em uma só palavra, inflação.
O Banco Central tem sido bastante vocal nas últimas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) sobre o fechamento do hiato, que é esse espaço entre a capacidade do país e o nível de produção utilizado.
Produtos e serviços mais caros
Isso acontece quando, por exemplo, o crescimento da economia não é acompanhado pela melhoria do parque produtivo. Assim, com as empresas pressionadas por mais demanda que podem atender, a tendência é que ofereçam produtos e serviços mais caros.
Não por acaso, a resposta do mercado financeiro à notícia do avanço de 1,4% do PIB, na comparação trimestral, foi de ajuste na taxa de juros futura para acomodar altas no custo do crédito.
As opções de Copom da B3, que recebem as apostas dos agentes financeiros sobre a decisão do Banco Central sobre a Selic, passaram a apontar mais de 50% de chances de um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa básica na reunião que termina dia 18 deste mês. Esta é a primeira vez que isso acontece para a opção referente a setembro.
Curva futura de juros
A curva futura de juros respondeu de forma parecida durante o dia, embora tenha encerrados as negociações com os contratos mais curtos perto da estabilidade. Ainda assim, a precificação aponta para uma Selic de 12,25% ao ano até março de 2025, uma alta de 1,75 ponto percentual sobre os atuais 10,50% a.a..
Embora, o governo comemore o resultado do PIB como uma virtude da política econômica atual, o número praticamente sacramentou o início do ciclo de alta dos juros básicos. Com o descompasso entre expansão da oferta e da demanda e política fiscal sem credibilidade, Lula e a trupe governista vão esgotando a prerrogativa do benefício da dúvida e isso pode custar muito caro ao cidadão brasileiro.
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