Petistes, bolsonaristes e o vilipêndio do Hino Nacional
Vilipendiar um símbolo nacional é perdoável, a depender do autor e da ocasião. Depois não entendem de onde surgem os Pablos Marçal da vida
A grita histérica do momento entre os bolsonaristas é a presepada – constrangedora até para os padrões tupiniquins – com o Hino Nacional do Brasil durante um comício de Guilherme Boulos (PSOL), com a presença de Marta Suplicy e Lula (ambos do PT), ocorrido sábado passado, 24 de agosto, no bairro Campo Limpo em São Paulo.
Em grunhidos semelhantes a de um guaxinim em sofrimento, uma moça torcia e retorcia trechos da belíssima composição de Francisco Manuel da Silva (na minha opinião, um dos hinos mais bonitos do mundo), para eliminar qualquer traço de gênero, guardando para o final, um apoteótico esganiçado “Brasiiiiiiiilll”. Ai, meus tímpanos!
O que não mereceria nada senão completo desprezo pelo ridículo e, claro, repulsa pela adulteração de um símbolo nacional, além da ira de ver – e ouvir – dinheiro público (meu e seu), sob a forma de fundo eleitoral, sendo atirado na latrina ideológica, se transformou em chiliques homéricos nas hostes bolsonaristas Brasil afora.
Olhem para o espelho
Porém, para este colunista mais atento – e isentão, segundo os iluminados extremistas -, não passou despercebido o duplo padrão moral (como de costume), dos “cidadãos de bem”. Indignados pela cantoria burlesca de esquerda, esqueceram-se, vejam só, dos patriotas que, em 2022, cantavam o mesmo Hino Nacional para um pneu de trator.
Esqueceram-se, também, de bolsonaristas em Santa Catarina, defronte à Bandeira Nacional, cantando o hino brasileiro enquanto faziam saudação nazista. Ou de outros coleguinhas, sempre trajando a amarelinha da seleção, às portas de quartéis por todo o país, pedindo golpe de Estado ao som do… Hino Nacional.
Mas sabem cumé, né? “Contra o comunismo vale tudo, até votar em ditador“. Exatamente como “contra o fascismo vale tudo, até votar em ladrão”. Neste caso, vilipendiar um símbolo nacional é perdoável, a depender do autor e da ocasião. Depois não entendem de onde surgem os Pablos Marçal da vida e o porquê da miséria política desse país.
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