Os chapeuzinhos vermelhos do governo Lula
Rui Costa diz que o governo é “marcado pela previsibilidade” e que não há chapeuzinho vermelho e lobo mau na Esplanada dos Ministérios. É verdade, só tem lobo mau
Liderada por Fernando Haddad (segundo à esquerda na foto), a equipe econômica do governo Lula tentou explicar nesta quinta-feira, 28, as promessas do pacote de corte de gastos anunciado pelo ministro da Fazenda na noite de ontem.
E ss repetidas reclamações contra o “mercado” expuseram o desconforto de quem não consegue convencer com as promessas de responsabilidade fiscal.
O governo poluiu o anúncio de cortes, considerado insuficiente, com um anúncio de isenção fiscal. O aceno à base petista colocou a equipe econômica contra as cordas, e a entrevista coletiva com Haddad e os ministros Simone Tebet, Alexandre Padilha, Esther Dweck, Paulo Pimenta e Rui Costa (ao centro na foto) foi concedida toda na defensiva.
A melhor imagem saiu da boca do ministro-chefe da Casa Civil.
Questionado sobre sua atuação para desidratar o pacote de corte de gastos, Costa disse que “não soma para o país esse tipo de abordagem, de continuar insistindo que existe[m] chapeuzinhos vermelhos e lobos maus dentro do governo.”
Só tem lobo mau
É verdade. Não tem chapeuzinho vermelho no governo Lula, só lobo mau disfarçado de vovozinha, apesar de todos eles usarem o chapeuzinho alheio para prometer bondades que não cabem no bolso do governo — e do país, infelizmente comandado por pessoas que não têm qualquer compromisso com responsabilidade fiscal.
Costa disse ainda que o governo Lula é “marcado pela previsibilidade” — o que não é exatamente um elogio — e que o pacote anunciado pelo governo reforça o compromisso do presidente com o arcabouço fiscal.
Enquanto ele dizia isso, o dólar seguia em sua disparada rumo à marca simbólica dos 6 reais.
A moeda americana acordou em disparada, mesmo depois de fechar em valor recorde no dia anterior, porque ninguém acredita no discurso do governo. E reclamar do mercado só serve mesmo para contentar a própria base petista.
Haddad candidato
Na coletiva desta quinta, Haddad também foi questionado sobre a postura de candidato adotada na mensagem transmitida na noite de quarta-feira em cadeia nacional de rádio e televisão para anunciar o plano.
O ministro até tentou despistar. Disse que tenta “ser o mais discreto possível”, mas não conseguiu conter o discurso eleitoreiro ao afirmar que não está “buscando outra coisa que não seja crescer com sustentabilidade e justiça social”.
Haddad disse que fez o pronunciamento a pedido de Lula e que “jamais teria a iniciativa de fazer isso”. De quebra, falou que o governo está “trabalhando na escala 7×0 para entregar um país melhor”.
Depois de a coletiva desta quinta-feira contribuir para a disparada do dólar rumo à Lua, é inevitável questionar: melhor para quem?
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