Onde está Lula na discussão sobre planos de saúde?
Desatar o nó da saúde suplementar no Brasil demanda empenho político, não o silêncio vergonhoso do governo federal
Onde está a ministra Nísia Trindade na discussão sobre o cancelamento unilateral de planos de saúde?
E o presidente da Agência Nacional de Saúde (ANS), Paulo Roberto Vanderlei Rebello Filho?
Será que os dois não conversam, porque Rebello Filho foi indicado para o cargo no governo Bolsonaro e a ministra é próxima de Lula, e dessa maneira a questão fica órfã no governo federal?
Pacientes desamparados
Faz mais de um mês que as rescisões vêm deixando desamparados idosos, pessoas com autismo, pacientes que estão no meio do tratamento de doenças graves, como o câncer.
Diante disso, a ANS, responsável pela regulamentação dos planos, esperou o dia 20 para divulgar uma nota, que começa assim:
“Considerando a série de reportagens e notícias a respeito de cancelamento de contratos de planos de saúde coletivos, e, dada a competência legal atribuída à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para promover a regulação do setor, seguem esclarecimentos com a finalidade de afastar eventuais dúvidas e incompreensões.”
Veja bem, não foi a situação muitas vezes desesperadora dos usuários que motivou o comunicado – um amontoado de explicações burocráticas –, mas o fato de o assunto ter entrado no noticiário. Sensibilidade zero.
Silêncio absoluto
Nísia Trindade também não abriu o bico. Silêncio absoluto sobre o tema.
É espantoso.
As iniciativas para lidar com o problema vieram do Congresso. E de figuras ligadas ao Centrão, como o presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), ou à direita, como Rodrigo Valadares (União-SE) e Silvia Waiãpi (PL-AP).
Ou seja, a esquerda também se mantém alheia à questão – vale dizer, descolada das preocupações do cidadão comum.
Lira reuniu-se nesta terça-feira, 28, com representantes dos planos, que em seguida anunciaram uma suspensão nos cancelamentos unilaterais. Valadares e Waiãpi convocaram Nísia para prestar esclarecimentos – no que fizeram bem.
Um novo equilíbrio
A saúde complementar é um nó que precisa ser desatado no Brasil. Cancelar atendimentos abruptamente, como vinha sendo feito, é uma solução desumana, inaceitável.
Ao mesmo tempo, é preciso reconhecer que a expansão contínua da cobertura dos planos tornou o setor deficitário.
Um novo equilíbrio precisa ser encontrado – a típica negociação que demanda intervenção política, e que dá aos políticos a oportunidade de desenhar soluções para uma inquietação real dos brasileiros.
E aqui, cabe perguntar: onde está Lula?
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