Novo União Brasil representa ressurreição do velho DEM Novo União Brasil representa ressurreição do velho DEM
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Novo União Brasil representa ressurreição do velho DEM

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Wilson Lima
3 minutos de leitura 01.03.2024 15:51 comentários
Análise

Novo União Brasil representa ressurreição do velho DEM

Vitória de Rueda nas eleições do União Brasil reafirma influência política de raposas criadas no antigo PFL

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Wilson Lima
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Novo União Brasil representa ressurreição do velho DEM
Foto: Divulgação

A vitória do advogado Antônio Rueda sobre Luciano Bivar na disputa pelo comando do União Brasil representa não apenas a derrota de uma ala mais jovem contra um velho cacique partidário. Simboliza, acima de tudo, a ressurreição de outras raposas, que estavam praticamente alijadas da política: a ala mais conservadora do DEM, que outrora foi PFL.

A genealogia não mente. O partido surgiu da fusão do PSL (criado por Bivar) com o DEM. O DEM nasceu dos restos mortais do PFL, aquele comandado pelo antigo Antônio Carlos Magalhães – o pai, não o Neto – e que contava com nomes como, por exemplo, José Sarney.

Quando o PSL discutiu a possibilidade de fusão com o DEM, a ala de ACM Neto tinha um plano. Tirar Bivar do comando do partido. O raciocínio era simples. Bivar havia criado o nanico PSL, em 1994, como a clássica legenda de aluguel. Como Bivar já havia dado sinais de fraqueza, uma fusão com o DEM poderia, no longo prazo, servir como subterfúgio para uma virada completa nos rumos do partido.

Agora, quando foi anunciada a fusão em 2021, nunca se imaginou que esse plot twist no União Brasil ocorreria tão precocemente.

Bivar começou a perder o controle do PSL, ironicamente, a partir da entrada de Jair Bolsonaro. O negócio era bom para ambos. Bivar entregava o PSL para Jair lançar sua candidatura à Presidência da República; Jair tinha liberdade, dinheiro e estrutura – ainda que capenga – para ditar seus próprios rumos.

Jair foi eleito presidente e Bivar viu o seu PSL se tornar o segundo maior partido da Câmara com 52 cadeiras. O DEM, naquele ano, fez, 29 deputados.

Só que Bivar não contava com a imprevisibilidade de Jair – nem com a dos membros da ala bolsonarista da sigla. Como ninguém se entendia no PSL e Bivar não queria ceder a certos caprichos de Jair Bolsonaro, Jair foi convencido a montar seu próprio partido. Não deu certo. Sem alternativa, coube a Jair ir para o PL e levar metade dos seus deputados.

Bivar ficou com o que restou do PSL – algo em torno de 30 deputados. Sem força, a fusão com o DEM, capitaneada por ACM Neto, foi uma alternativa para que as duas siglas mantivessem expressão o cenário político brasileiro. Assim, sugira o União Brasil.

Mas o grupo de ACM – que também conta com Ronaldo Caiado (governador de Goiás)  e com Elmar Nascimento (líder do governo na Câmara) – não gostava do estilo de gestão provinciano de Bivar. Era pouco para eles. A alternativa foi, aos poucos, se apossar dos nacos mais importantes da sigla. ACM assumiu a tesouraria do União Brasil e ele foi o responsável por distribuir os recursos durante a campanha de 2022. Com dinheiro, prestígio e sem se expor publicamente, foi fácil fazer a cabeça de outros integrantes da sigla a trair Bivar.

Agora, esse grupo que assume o União – quase todos remanescentes do DEM – vai dar as cartas na sigla, o que resultará em uma profissionalização partidária do partido. Agora o União é um player importante na disputa pelo comando da Câmara, Senado e até da presidência da República em 2026.

Isso se não ocorrer outro plot twist para acabar com os planos de ACM e cia.

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Wilson Lima

Wilson Lima é jornalista formado pela Universidade Federal do Maranhão. Trabalhou em veículos como Agência Estado, Portal iG, Congresso em Foco, Gazeta do Povo e IstoÉ. Acompanha o poder em Brasília desde 2012, tendo participado das coberturas do julgamento do mensalão, da operação Lava Jato e do impeachment de Dilma Rousseff. Em 2019, revelou a compra de lagostas por ministros do STF.

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