Não, Gilmar. O Brasil não seria pior sem Alexandre de Moraes
O Brasil seria melhor, ministro Gilmar, se o senhor e seus colegas, por exemplo, agissem com mais rigor no combate à corrupção
Em evento promovido pela Assembleia Legislativa do Mato Grosso (ALMT), para a celebração dos 35 anos da Constituição do estado, o convidado de honra, ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mato-grossense de nascença, afirmou na segunda-feira, 18 que o Brasil seria pior sem seu colega Alexandre de Moraes.
“Posso dizer que certamente o Brasil seria outro – e pior – não fora essa designação do ministro Alexandre e sua atuação na frente desse inquérito”. Mendes se referia ao inquérito das Fake News, aberto de ofício por Dias Toffoli em 2019, cuja relatoria foi dada a Xandão (sem sorteio) por escolha pessoal do “amigo do amigo de meu pai”.
As investigações, inicialmente, miravam as ameaças aos ministros do Supremo e os movimentos em redes sociais, que pregavam a ruptura da ordem democrática. Contudo, após cinco anos correndo sob sigilo, o inquérito se tornou uma espécie de Frankenstein jurídico, onde cabe tudo – não à toa ser chamado, hoje, de “inquérito do Fim do Mundo”.
Conversa fiada
Além de Gilmar Mendes, o próprio Alexandre de Moraes se encontrava no evento, e também o colega e ministro Flávio Dino: “Naquele momento, falávamos de gabinete do ódio, de perseguição, que depois se materializou contra juízes e o próprio Supremo Tribunal Federal”, completou Gilmar, sobre seu mais novo “herói”: Xandão.
Em que pese a atuação de Alexandre de Moraes frente aos atos antidemocráticos que tiveram curso durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro, culminando com a invasão às sedes dos três Poderes em 8 de janeiro de 2023, e mesmo sua presidência no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o Brasil não seria “pior” sem si.
Aliás, o Brasil não seria – ou é – melhor ou pior com ou sem Xandão, Gilmar, eu, você, leitor querido, leitora querida, ou qualquer outro brasileiro, do mais simples trabalhador ao mais poderoso empresário. O país é um conjunto de mais de 200 milhões de pessoas, e ninguém, isoladamente, torna a nação melhor ou pior. No máximo, diferente.
Não há salvador da pátria
Esse messianismo e essa fulanização idólatra só servem para massagear o ego dos necessitados de elogios, ou para a mera promoção pessoal de quem quer, ou precisa, de propaganda para se manter no topo do poder. Neste caso, também para tentar referendar as arbitrariedades e, segundo muitos, ilegalidades perpetradas por Moraes.
Ministros da Suprema Corte, costumeiramente, elogiam-se e protegem-se. Sim, às vezes brigam, mas depois se acertam na primeira oportunidade de interesse em comum, vide o próprio Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso, que outro dia trocaram afagos depois de protagonizarem, anos atrás, um vergonhoso embate público no plenário.
O Brasil seria melhor, ministro Gilmar, se o senhor e seus colegas, por exemplo, agissem com mais rigor no combate à corrupção e não fossem tão, digamos “preciosos”, na hora de anular penas, multas e provas contra criminosos confessos, dando, assim, motivos de sobra para outros continuarem a assaltar os cofres públicos, referendando a série O Mecanismo: “A gente vai sair daqui, vai todo mundo embora, foi pro Supremo”.
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Comentários (1)
Mauro Seraphim
19.11.2024 15:12Por que será que, até agora, ninguém comentou um texto tão bom quanto este?