Musk já é democrata na Austrália, a quem acusa de fascismo
O governo da Austrália divulgou, nesta quinta-feira (12), a proposta de uma legislação que prevê multas bilionárias às gigantes da Internet
Tornou-se comum, no Brasil, brincar com o fuso horário australiano, dizendo que “qualquer coisa já é qualquer coisa na Austrália”, por causa das 11, 12 ou 13 horas, à frente, na terra dos cangurus em relação à terra das bananas. Em Sydney, cidade mais famosa do país, já é sábado e a garotada está na praia, “tomando uma morna” – a cerveja deles não é servida gelada. Que horror! Mas é boa pra caramba, diga-se. Mas sigamos.
Após romper com as leis locais e ser punido com o bloqueio de sua rede mundial, o X, no Brasil, e ter o dinheiro de uma outra empresa a si ligada, a Starlink, confiscado pela Justiça brasileira, para a satisfação de dívidas oriundas de multas aplicadas, o “médico e o monstro”, Elon Musk, bilionário, excêntrico, genial, amalucado, visionário, interesseiro, democrata, oportunista e sei lá mais quantos adjetivos positivos e negativos, agora mira seu canhão verborrágico contra o governo australiano, dizendo que um dos mais desenvolvidos países do mundo, com o 10º melhor IDH do planeta, é “fascista”.
Antes de prosseguir, uma observação: considero legítimas as multas impostas ao X; considero arbitrário, autoritário e desproporcional o bloqueio da empresa no país; considero ilegal o confisco de recursos da Starlink, pois – a meu ver e de muitos ótimos advogados – realizado sem a observância do devido processo legal; não considero Musk defensor de liberdade de expressão alguma, mas apenas um militante político e empresário interessado nos próprios negócios (empresário genial, aliás); e adoraria ver o fim dos superpoderes do ministro Alexandre de Morais, no âmbito deste inquérito interminável e a tudo possível (das fake news).
Democracia Muskniana
O governo da Austrália divulgou, nesta quinta-feira (12), a proposta de uma nova legislação que prevê multas bilionárias às gigantes da Internet – em até 5% de suas receitas globais – caso não regulem, ou permitam a regulação, de desinformação e disseminação de notícias falsas, na esteira de outras medidas de combate a discursos de ódio e utilização para cometimento de crimes diversos (pedofilia, assédio sexual, pornografia infantil, tráfico de armas e drogas etc.) em suas plataformas digitais.
É sempre bom e oportuno lembrar, que a União Europeia e outros países desenvolvidos vêm caminhando, em conjunto, neste mesmo sentido. Outra observação: concordo, em parte, com algumas dessas propostas, mas receio – e muito! – uma escalada autoritária governamental, já que autocratas travestidos de democratas não faltam por aí. Por outro lado, deixar a coisa solta como está, não me parece igualmente a melhor solução.
Insatisfeito e intolerante – como de costume – com as leis de países que diferem das que defende, Elon Musk acusou uma das nações mais bem ranqueadas no conceito de “Democracia Plena” pela Economist, que adota como critérios para a avaliação o processo eleitoral, o funcionamento das instituições, a participação popular no debate político e, principalmente, as liberdades civis, daquilo que não é (fascista), provando, mais uma vez, que seus conceitos sobre democracia são bem próprios e meramente de ocasião.
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