Marçal x Datena: estamos mesmo em São Paulo, em 2024?
Não sei como irão se comportar todos daqui em diante. Na verdade, só consigo me perguntar: a que ponto chegamos?
Pablo Marçal (PRTB) finalmente conseguiu. Não que outros, antes dele, não tivessem tentado. E não que alguns de seus adversários, especialmente José Luiz Datena (PSDB), não mereça igualmente severas críticas pelo comportamento animalesco.
Em 2018, o Brasil assistiu, atônito, ao atentado à faca contra a vida do então candidato à Presidência Jair Bolsonaro. Muitos, à época, diziam que fora merecido. Outros, ainda mais imbecis, lamentaram a “falta de perícia” do homicida.
Em julho deste ano, na Pensilvânia (EUA), Donald Trump escapou por milímetros da morte após ser alvejado durante um comício. Novamente, alguns cretinos lamentaram o fato de o tiro não ter sido fatal. Isso é repugnante.
Violência sem fim
Sim. Marçal, politicamente, é grotesco, é detestável. Donald Trump, idem. E Bolsonaro, a meu ver, não fica muito atrás. Atenção: estou me referindo específica e exclusivamente às personagens políticas e seus modos recrimináveis.
Nenhum deles merece qualquer ato de violência. Ninguém merece. Aos criminosos, a justiça. Aos desordeiros, o agravo. Aos selvagens, o isolamento. Quem combate violência com mais violência não é melhor que o autor.
Mas é certo que este tipo de político – e não apenas estes – desperta, como certa vez disse outro aloprado, “os instintos mais primitivos”. Marçal, de forma pensada e proposital, clama por conflito. E conseguiu o que queria.
Mundo afora
Uma busca pelo Google e pelo Youtube levará o curioso à cenas de violência explícitas em parlamentos mundo afora. Tapas, pontapés, cadeiradas, socos, tiros. Idosos e mulheres não são poupados tampouco.
Korea (a do Sul, hein?), Uganda, Turquia, África do Sul, Estados Unidos. A violência na política não distingue país e sociedade, se desenvolvidos ou miseráveis. Alcança indiscriminadamente àqueles propensos à vida selvagem.
Porém, ao assistir à cadeirada de Datena no crânio de Marçal, não pude deixar de me perguntar: isso é mesmo em São Paulo? Estamos mesmo em 2024? Ato contínuo, uma profunda angústia me tomou.
Próximos capítulos
O que vem a seguir? Qual o próximo limite civilizatório que será testado? Quando ocorreu o ponto de inflexão que não percebemos? Quem é o culpado? O que estamos fazendo – contra ou a favor – deste estado lastimável?
Eu não sei se Pablo Marçal, após o ocorrido, derreterá ou crescerá. Não sei se Datena poderá até mesmo continuar sua carreira de apresentador. Não sei como irão se comportar todos daqui em diante. Não sei nem o que pensar.
Na verdade, apenas me pergunto: a que ponto chegamos?
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