Lula não convence nem seus indicados ao Banco Central
Comitê de Política Econômica (Copom) do BC destaca em ata, de forma unânime, o "esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal"
O Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central (BC) divulgou nesta terça-feira, 17, a ata de sua última reunião, em que decidiu, de forma unânime, elevar em um ponto percentual a taxa básica de juros e comunicar que “em se confirmando o cenário esperado, antevê ajuste de mesma magnitude nas próximas duas reuniões”.
“O Comitê reforçou a visão de que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade”, diz o documento divulgado nesta terça.
Como de costume, os petistas se apressaram a culpar Roberto Campos Neto, que presidiu sua última reunião do Copom, pelo aumento da Selic e pela perspectiva de elevação nos juros. Mas Lula (à direita na foto) já indicou quatro dos nove membros do Copom, e todos votaram junto com Campos Neto pelo aumento da taxa, que chegou a 12,25% ao ano, e deve passar de 14% no início de 2025.
Todos juntos
“Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Gabriel Muricca Galípolo, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira”, destaca a ata do Copom.
O Senado aprovou na semana passada mais três indicados de Lula para o Banco Central. Em 2025, o BC será presidido por Galípolo, um dos indicados pelo petista, e os governistas devem perder a muleta de reclamar contra Campos Neto sempre que o BC atua para tentar reduzir os danos da política fiscal de um governo gastador.
Na segunda-feira, 16, ao deixar a casa de Lula em São Paulo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (à esquerda na foto), disse que “nós estamos muito convencido de que vamos continuar cumprindo as metas fiscais nos próximos anos”. Horas depois, o dólar fechou em nova alta histórica, e abriu em outro recorde de valor nesta terça.
Falta ao governo Lula convencer o resto do país sobre o compromisso com o cumprimento das metas fiscais — inclusive os diretores do Banco Central indicados pelo próprio governo.
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