Lula gasta, BC sobe juros e Brasil vai a breca
Lula pode espernear à vontade, Gleisi Hoffmann pode acusar quem quiser à vontade, Fernando Haddad pode fazer cara de choro à vontade
Em decisão unânime, portanto com o voto do presidente do Banco Central a partir de 2025, Gabriel Galípolo, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidiu na quarta-feira, 6, elevar a taxa básica de juros (Selic) de 10,75% para 11,25% ao ano, ou seja, um aumento de 0,5 ponto percentual conforme já previa o mercado.
Em seu tradicional comunicado, os diretores afirmaram que “O ambiente externo permanece desafiador”, e internamente cobraram a “Apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal”. Com inflação acumulada de 4.4% nos últimos 12 meses, o Brasil deve estourar o teto da meta e fechar 2024 com uma taxa de 4.6% ao ano.
Me engana que eu gosto
O presidente Lula – apesar da tímida trégua recente – não perde uma única oportunidade para maldizer o Banco Central, sobretudo o atual presidente Roberto Campos Neto, e sugerir, sem qualquer evidência ou amparo técnico, uma espécie de sabotagem do BC contra seu governo por conta da permanente taxa de juros elevada.
Contudo, o chefão petista se esquece – ou finge não saber – que juros baixos e moeda valorizada dependem muito mais do ambiente macroeconômico e das expectativas futuras do que de meras boa ou má vontade da autoridade monetária de turno. Quanto maior o déficit fiscal e menor a expectativa de equilíbrio, maior o prêmio para a rolagem da dívida.
Curtindo a vida adoidado
Lula pode espernear à vontade, Gleisi Hoffmann pode acusar quem quiser à vontade, Fernando Haddad pode fazer cara de choro à vontade. Quando os agentes econômicos enxergam M no horizonte, não há nada que lhes convença a aportar capital – de risco – com retorno baixo. Ou fogem do país (e o dólar sobe) ou cobram caro para ficar.
Enquanto o governo continuar desonerando setores e empresários amigos, abrindo o cofre para os Liras da vida, arrombando o caixa das estatais, aumentando impostos como se não houvesse amanhã e afastando-se dos Estados Unidos e União Europeia por ideologia política, será de meio ponto em meio ponto – para mais ou para menos – na taxa básica de juros que iremos viver.
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