Lula está com a mão amarela
O país está prestes a reiniciar um ciclo de alta de juros apenas uma semana após uma deflação, entenda o que está por trás desse movimento
Na semana que vem, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central deve iniciar um breve ciclo de alta nos juros básicos com o intuito de reancorar as expectativas de inflação. Isso significa que os agentes econômicos não acreditam que, se tudo continuar da forma como está, a pressão sobre os preços convergirá para a meta de 3% de inflação.
Mas e daí? Por que a autoridade monetária deveria se importar se o setor produtivo não tem uma visão positiva quanto ao futuro dos preços? As correntes econômicas atualmente majoritárias acreditam que expectativas desancoradas são profecias autorealizáveis.
A ideia é que o agente econômico, acreditando que tudo estará mais caro quando ele for comprar insumos no futuro, remarca o preço do produto hoje mesmo, para não ser pego desprevenido. Dessa forma, os preços médios sobem e, consequentemente, a inflação.
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), no entanto, tem mostrado que a inflação está desacelerando e até fechou o mês de agosto em deflação (uma espécie de inflação negativa, isto é, com preços em queda). Então por que o setor produtivo não acredita que a pressão sobre os preços futura estará na meta nos próximos anos?
A política econômica de escolha do lulopetismo opta pela cartilha do populismo, com maior tolerância com a inflação (cuja execução ficou mais complicada com a autonomia do Banco Central) e déficits fiscais insustentáveis (adotada sem a menor cerimônia pelo governo Lula).
A expansão fiscal via aumento dos gastos do governo, que tem sido a tônica do terceiro mandato do petista, impulsiona o PIB (Produto Interno Bruto) em um primeiro momento, mas quando não é acompanhada de investimento (como é o caso agora) acaba pressionando a oferta em seguida.
Sem capacidade de ganhar eficiência a tempo, a demanda gerada pela enxurrada de dinheiro colocada na economia pelo governo faz com que os preços subam, uma vez que a oferta não consegue acompanhar a procura. E aí está a preocupação do setor produtivo com a inflação do futuro.
Correto ou não, o mercado não confia em Lula e no dito aprendizado com Dona Lindu – a mãe do petista, que o teria ensinado a não gastar mais do que ganha. Desde o início, o desenho do governo apontou para gastos acima das receitas e, consequentemente, déficits nas contas públicas. Esse volume de dinheiro gasto a mais impulsiona a demanda, mas afeta o consumo mais significativamente que o investimento.
Lula, agora, faz de conta que nada disso tem a ver com ele. Tal qual aquele convidado que não consegue evitar a flatulência na sala cheia de amigos, disfarça o ato e olha para os lados à procura de um bode expiatório. Mas a verdade é que sabemos quem está com a mão amarela.
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