Lula e o “me engana que eu gosto” sobre a Venezuela de Maduro
Lula tem de sair do armário, mas não irá. Continuará fingindo contrariedade ao mesmo tempo em que orienta sua administração no sentido oposto
O bom de interagir com gente inteligente é que, mesmo não sendo, evoluímos e nos tornamos melhores. Longe de precisar – ou estar – puxando o saco de alguém, participar do Papo Antagonista me obriga a tentar acompanhar o nível dos meus colegas. Uma coisa é jogar futebol com pernas de pau; outra, bem diferente, é ombrear com craques.
Durante o programa de ontem, segunda-feira, 13, um dos temas debatidos foi a situação da Venezuela e a relação do governo brasileiro com o regime de Nicolás Maduro. É simplesmente estarrecedor – como gostava de dizer nossa eterna estoquista de vento – que tenhamos de analisar o compadrio do lulopetismo com mais um ditador e sua ditadura.
Em pleno 2025, o mínimo que poderíamos esperar daquele que se diz um “amante da democracia”, seria sua total contrariedade com o golpe de Estado – sim, fraude eleitoral e usurpação de poder através de um cargo ilegítimo configura golpe de Estado – perpetrado pelo herdeiro de Hugo Chávez, outro amigo de fé, irmão camarada de Lula da Silva.
Pero no mucho
Porém, ao que assistimos, é justamente o oposto. A “alma mais honesta desse país”, seu assessor especial e espécie de chanceler informal, Celso Amorim, os manda-chuvas do Partido dos Trabalhadores (PT) e a maior parte das entidades de esquerda, ou aderiram explicitamente ao assalto eleitoral ou simplesmente fazem vistas grossas.
No caso do governo federal, conforme exemplifiquei no Papo Antagonista, é como se o chefão petista e presidente da República pela terceira vez, ao ler um contrato, rubricasse todas as páginas e aceitasse todas as cláusulas e condições – no caso: sequestro, milícia, fraude, opressão, agressão etc. -, mas, ao final, não o assinasse, fingindo algum tipo de não aceitação.
Ora, quem não aceita ditador e ditadura não envia sua embaixadora à posse do bilontra. Ou um vice-presidente, como fez com Geraldo Alckmin no caso do Irã. Quem considera ditadores facínoras, sanguinários como Mahmoud Ahmadinejad, Muammar Al Gaddafi, Fidel Castro, Daniel Ortega e outros tiranos, não os chama de “amigo, companheiro e irmão”.
Duas caras
Aliás, quem considera terroristas aqueles que assassinam, decapitam, violentam, torturam, espancam e queimam vivos civis inocentes, como fizeram os bárbaros do Hamas em 7 de outubro de 2023 em Israel, qualifica-os explicitamente como terroristas, ou grupo terrorista, o que Lula jamais fez. No máximo, en passant, falou em “terrorismo” ou “atos terroristas”.
O que definitivamente não dá – e a sociedade brasileira não é mais tão trouxa assim para acreditar – é afirmar que não reconhece as eleições na Venezuela, mas se faz representar oficialmente e depois emite nota reconhecendo o presidente (ladrão) eleito, como fez recentemente o Itamaraty, fingindo recriminar a ditadura de Nicolás Maduro.
Lula tem de sair do armário, mas não irá. Continuará fingindo contrariedade ao mesmo tempo em que, na prática, orienta sua administração no sentido oposto. Aliás, como esquecer o conselho que deu a Guilherme Boulos, durante a campanha eleitoral, para o ex-líder do MTST “mudar de assunto” quando lhe perguntarem sobre a Venezuela?
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