Itamaraty endossa Maduro em nota sobre “denúncias de violações”
A "Nota sobre a situação na Venezuela" publicada pelo governo Lula é também sobre a situação no Brasil, onde as coisas não vão tão mal, mas também não estão nada bem
O Itamaraty chegou atrasado para dizer que “o governo brasileiro acompanha com grande preocupação as denúncias de violações de direitos humanos a opositores do governo na Venezuela”.
E as sutilezas da nota divulgada neste sábado, 11, um dia após a embaixadora do Brasil em Caracas participar da posse ilegítima do ditador Nicolás Maduro, sugerem que o governo Lula não parece tão preocupado assim.
Antes de tudo, o Ministério das Relações Exteriores chama a ditadura de Maduro de governo, ao contrário do que fazem os onze países que já reconheceram a eleição de Edmundo González Urrutia, opositor do regime exilado para não ser preso.
“Denúncias”
Merece destaque também a expressão “denúncias de violações de direitos humanos”, quando já está claro, há mais de uma década, que a ditadura chavista oprime a população da Venezuela, em especial quem ousa se levantar contra os desmandos.
Chama a atenção também o trecho que diz que “o Brasil exorta, ainda, as forças políticas venezuelanas ao diálogo e à busca de entendimento mútuo”, como se a oposição à ditadura tivesse qualquer responsabilidade pela opressão à qual está submetida.
O governo Lula trata com leniência o regime Maduro desde a farsa eleitoral de julho de 2024, que a nota do Itamaraty chama de “processo eleitoral”, sob a alegação de que prefere se manter na posição de mediador da crise venezuelana — o que não serviu para praticamente nada até agora.
Narrativa?
Infelizmente, o débil gesto do governo brasileiro em favor do respeito aos direitos humanos na Venezuela não surpreende, porque, em 2023, quando recebeu Maduro com pompa em Brasília (foto), Lula disse que o autoritarismo chavista era apenas uma “narrativa” da oposição.
Naquela ocasião, o petista aconselhou o ditador, que já estava no poder após outra eleição com fortes indícios de fraude, a construir sua própria narrativa. Esse mesmo Lula se disse “amante da democracia” na quarta-feira, 8 de janeiro.
A “Nota sobre a situação na Venezuela” publicada pelo Itamaraty é também uma nota sobre a situação no Brasil, onde as coisas não vão tão mal, mas também não estão nada bem.
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