Guilherme Boulos é o novo Russomanno?
Segundo o Datafolha, Boulos tem atualmente 30% da preferência do eleitorado, contra 29% do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que tentará a reeleição
Guilherme Boulos (PSOL) não é, mesmo, o favorito na disputa pela prefeitura de São Paulo. E o nosso editor em São Paulo, Rodolfo Borges, não poderia ter sido mais feliz ao utilizar um título semelhante ao citar a pesquisa Datafolha divulgada na manhã desta segunda-feira, 11, sobre o cenário eleitoral em São Paulo.
Segundo o Datafolha, Boulos tem atualmente 30% da preferência do eleitorado, contra 29% do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que tentará a reeleição. Um empate.
As más notícias para Guilherme Boulos não param por aí. A avaliação positiva da gestão de Nunes cresceu seis pontos percentuais entre agosto do ano passado e março deste ano e há maior probabilidade de Nunes atrair o voto de petistas que Boulos conseguir a simpatia dos bolsonaristas. De acordo com o Datafolha, Boulos ganha com 49% contra 18% entre os petistas; Nunes tem 48% contra 9% do psolista entre os bolsonaristas.
Más notícias
E, para completar o pacote de más notícias para Boulos, na terceira colocação na pesquisa apareceu Tabata Amaral (8%), com Marina Helena em quarto (7%) e Kim Kataguiri, em quinto (4%). A centro-esquerda tem 8% contra 11% da centro-direita.
Os números por si só reafirmam que o cenário em São Paulo será marcado pela polarização entre esquerda e direita (como é de praxe na política brasileira, mas só em 2018 a grande imprensa ficou mais atenta a isso) e que Boulos precisa, urgentemente, de um fato novo para conter esse avanço da pré-candidatura de Nunes.
Há um sentimento de que o psolista tenha atingido o seu pico na pré-campanha, o que é uma péssima notícia para Boulos. Quase um efeito Celso Russomanno. O anúncio precoce de Marta Suplicy como vice, assim como a prévia disposição de Lula para ajudar o colega sem teto na disputa, não surtiram, até o momento, o efeito esperado pelo PT e Psol. E o fato é que Boulos, ao menos por enquanto, não tem fato novo a apresentar até o início da campanha eleitoral. Nunes, com a máquina da prefeitura na mão, não terá esse problema.
Cartas na mesa
Com as cartas postas na mesa sete meses antes das eleições, resta agora ao time de Boulos apostar no desgaste da imagem de Ricardo Nunes. Uma saída seria vinculá-lo, de vez, ao bolsonarismo radical e aos atos antidemocráticos. Mas, em um cenário polarizado, essa é uma tática de efeito limitadíssimo.
Em resumo: o Datafolha mostrou uma realidade que nem o mais pessimista psolista imaginava. E talvez a pior notícia para Boulos é que ele precisa tirar votos do próprio Nunes: algo que parecer se improvável caso não surja um fato novo.
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