Fiscal volta a assombrar e Fazenda promete mais matemágica
Desequilíbrio e falta de seriedade com as contas públicas começam a pesar e brasileiros terão que enfrentar juros ainda mais altos
O mercado financeiro deve acompanhar com atenção a divulgação do quarto relatório bimestral de receitas e despesa. O Ministério da Fazenda deve apresentar o balanço das contas e as perspectivas para o fiscal nos ano de 2024 na sexta-feira, 20, e deve apresentar novas alternativas para a insuficiência de receitas que cubram as despesas do governo.
A expectativa fica por conta das substituições necessárias para fazer frente à frustração na arrecadação esperada, por exemplo, do voto de qualidade do Carf (Conselho de Administração de Recursos Fiscais).
As estimativas iniciais da equipe econômica eram de um incremento de 55 bilhões de reais em entradas nos cofres públicos. Na avaliação das contas em julho, esse valor foi cortado para 37,7 bilhões de reais. Até agora, no entanto, só entraram 80 milhões de reais.
O governo defende que as medidas de compensação à desoneração da folha de pagamentos aprovadas recentemente podem aliviar parte da despesa, que considerava o impacto sem nenhuma receita compensatória.
Além disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve repetir a manobra do ex-ministro da Economia Paulo Guedes e buscar dividendos das estatais para tentar fechar a conta. De acordo com o noticiário, cerca de 10 bilhões de reais podem dar uma ajuda ao caixa.
Outra inspiração que deve ajudar o ministro é a ex-ministra da Economia de Fernando Collor, Zélia Cardoso de Mello. Haddad deve utilizar os 8,5 bilhões de reais não reclamados de contas encerradas de brasileiros para estimar nova receita. Um confisco do dinheiro do desavisado.
Há muito, o governo Lula abandonou a ideia de zerar o déficit primário neste ano e tem mirado no limite inferior da banda da meta fiscal, que estabelece um saldo negativo de 0,25% do PIB (Produto Interno Bruto), ou cerca de 29 bilhões de reais, como aceitável.
A paciência dos investidores, no entanto, parece ter se esgotado e a irresponsabilidade fiscal começou a cobrar o preço. Além do aumento da Selic de 10,50% ao ano para 10,75% ao ano definido pelo Banco Central na quarta-feira, 18, o mercado precifica mais cerca de 2 pontos percentuais de alta na taxa básica de juros nos próximos dois meses para fazer frente ao desequilíbrio das contas e possíveis pressões inflacionária da política fiscal de Lula.
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