Explodiu o dólar e foi cear no Planalto
"Champa de prima”, salmão do Alasca, vinho (decente) francês, castanha (PQP!!) e outras iguarias natalinas já eram
Sou o judeu – não praticante – mais católico e espírita do planeta. Favor não confundirem religião, ou a prática desta, com laços étnicos e culturais. Digo isso porque tenho profunda relação social e ligação afetiva com o judaísmo e minhas origens.
Sou filho, neto, bisneto e assim por diante de judeus – por parte de pai e mãe. Mas estudei a vida inteira em colégio de freis franciscanos e minha mãe era ligada ao espiritismo, daí tanta pluralidade. Além disso, sou casado com cristã e genro de uma verdadeira “coroinha de igreja”. Minha queridíssima sogra é quase uma “irmã”.
Por tudo isso, claro que celebro – desde pequeno – o natal. Não como festa religiosa e homenagem a Jesus Cristo, mas como uma confraternização entre afetos (sem falar, é claro, na comilança e na bebedeira maravilhosas). Este ano, porém, será diferente. Estou no exterior, estudando, e não terei a felicidade de comer sanduíche de pernil (da sogra querida) nem beijar e abraçar os queridos.
Um pouquinho de economês
Mas, ainda que estivesse no Brasil e em ótima companhia da família e dos amigos, a festança seria diferente este ano. Sim, porque com o preço dos alimentos e das bebidas – sobretudo os de melhor qualidade, importados ou não -, não há ceia, para dezenas de pessoas, que não custe “ozóio da cara”, como dizemos em Minas. E boa parte disso deve-se, além do aumento da inflação, obviamente, à subida vertiginosa do dólar nos últimos meses e, principalmente, últimos dias.
Há duas maneiras de precificar as mercadorias: pelo valor de venda (custos + lucro) ou pela reposição do estoque (custos + lucros + aumento de preço do fornecedor). Por exemplo: o comerciante compra uma caixa de cerveja por 100 reais. Calcula todos os custos (operacionais, impostos, financeiros etc.), agrega a margem de lucro desejada e forma o preço final, sei lá, de 200 reais.
Porém, quando ocorre uma subida significativa no preço de algum insumo, ou mesmo da mercadoria a ser revendida, é necessário, para a preservação do caixa e do capital de giro, aumentar também o custo de reposição. Neste mesmo caso, se durante o lapso de tempo entre a compra da caixa de cerveja e sua venda o preço no fornecedor aumentar muito, ao invés de 200 reais, talvez seja necessário vender por 220 reais, entendem?
Lula 3 e Taxadd
Foi exatamente isso que aconteceu nos últimos meses, e principalmente nos últimos dias por causa da depreciação do real frente ao dólar norte-americano, notadamente com mercadorias importadas ou que sejam produzidas a partir de matérias-primas de fora do país. Os fabricantes e comerciantes, sabedores que terão de gastar mais dinheiro para repor seus estoques, aumentaram o preço de venda de seus produtos. Eis a tal inflação de custos – diferente da inflação de demanda (quando faltam mercadorias e os preços sobem).
Graças à desastrada e desastrosa política fiscal do governo Lula 3, a inflação prevista para 12 meses ultrapassou o teto da meta. Ato contínuo, o Banco Central, guardião da moeda, aumentou os juros. A partir de então, de forma tresloucada e aloprada, o presidente da República, seus áulicos no PT e parte do governo abriram fogo contra a autoridade monetária, principalmente colocando em xeque sua independência, tão logo Gabriel Galípolo, indicado por Lula, assuma a Presidência da instituição.
Romanée-Conti mais caro, Lula
Para atirar ainda mais lenha na fogueira do descontrole de gastos e da instabilidade financeira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também conhecido como Taxadd, apresentou um plano de corte de gastos pífio em que, ao final de dois anos, a economia, se houver, será insignificante diante do aumento de outros custos e despesas da União, como, por exemplo, a correção da tabela do imposto de renda, isentando quem ganha até cinco mil reais mensais.
Com a reação negativa dos mercados – não o tal “mercado” que Lula gosta tanto de atacar -, uma procura extraordinária por dólares aconteceu, levando o real a uma das maiores quedas no mundo. Agentes financeiros que operam e têm dívidas em moeda estrangeira, como garantia compraram dólares, assim como os importadores. Somado a isso, pessoas físicas e jurídicas que têm dividendos a receber, na iminência de serem taxadas a partir da reforma tributária, enviaram agora os ganhos ao exterior.
O resultado é conhecido: o dólar ultrapassou seis reais, chegando a ser vendido a R$ 6,30. Com sucessivas intervenções do Banco Central, que já “queimou” mais de 5% das nossas reservas cambiais, a moeda recuou um pouco e é negociada na casa dos R$ 6,15. Ou seja, “champa de prima”, salmão do Alasca, vinho (decente) francês, castanha (PQP!!) e outras iguarias natalinas já eram. Pior ainda a situação dos menos favorecidos, que talvez nem chester e cidra consigam comprar.
Enquanto isso, seguramente, no Palácio Planalto não faltará uma bela ceia “a la Janja” que, se tomarmos como base o Janjapalooza, não se preocupará com o dólar que seu marido ajudou a “explodir”.
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