Empresa com IA “fake” pede falência
Talvez os donos da Builder.ai tenham levado muito literalmente a frase motivacional "fake it until you make it"
A Builder.ai, startup britânica fundada em 2016, entrou com pedido de falência em maio de 2025, marcando o fim de uma trajetória que prometia revolucionar o desenvolvimento de aplicativos e sites com uma plataforma sem código impulsionada por IA, inteligência artificial.
A empresa, que levantou mais de 450 milhões de dólares gigantes como Microsoft, Qatar Investment Authority e SoftBank, alcançou uma avaliação de 1,3 bilhão em seu auge. Reconhecida como “visionária” por agentes do mercado e listada entre as mais inovadoras pelo site Fast Company, a Builder.ai oferecia ferramentas como o Builder Studio e a assistente digital Natasha, tudo para tornar a criação de software acessível a não técnicos.
Mas havia algo errado. A promessa de inovação foi solapada por escândalos. Em 2019, o The Wall Street Journal revelou que a plataforma, de Sachin Dev Duggal, supostamente movida a inteligência artificial, dependia de centenas de desenvolvedores humanos na Índia, gerando acusações de IA washing, quando a uma empresa afirma que seu estágio de uso ou domínio de uma tecnologia (no caso, IA) é maior que a realidade.
Talvez os donos da Builder.ai tenham levado muito literalmente a frase motivacional “fake it until you make it“, algo como “finja até conseguir”, numa tradução livre.
Só que a situação piorou com buracos financeiros: relatórios apontaram que as vendas de 2024, inicialmente declaradas como 220 milhões de dólares, foram revisadas para 1/4 disso, 55 milhões, e as de 2023 caíram de 180 milhões para 45 milhões. A Bloomberg ainda denunciou práticas de round-tripping com uma empresa indiana, para inflar artificialmente suas receitas.
Esse termo é definido para casos onde uma mesma empresa exporta e importa repetidamente os mesmos itens, sem qualquer modificação substancial neles, para inflar sua contabilidade, como foi o caso, ou até mesmo para lavar dinheiro.
A crise chegou ao auge quando um credor confiscou 37 milhões de dólares, deixando a Builder.ai com apenas 5 milhões em fundos restritos. Sob o comando do novo CEO, Manpreet Ratia, que assumiu em fevereiro desse ano, após a saída de Duggal, a empresa demitiu a maioria dos funcionários e iniciou processos de insolvência no Reino Unido, EUA, Índia, Emirados Árabes Unidos e Singapura.
Críticos apontam para promessas exageradas de tecnologia e má gestão financeira como causas centrais, sugerindo que o caso pode sinalizar um ajuste de contas para o setor de Start-ups de inteligência artificial, hoje muito valorizadas, mas que nem sempre apresentam um modelo de negócios sustentável.
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